Futebol
por Luiz Fernando Bindi
Novembro 16, 2001
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O Brasil está na Copa. E agora?

Foram 18 jogos. 18 datas de martírio. Um calendário esdrúxulo, que obrigou os clubes a cederem seus melhores jogadores em 18 inúteis vezes.

Dezoito rodadas, dois anos de campeonato (depois reclamam do Clube dos Treze), para classificar Argentina, Brasil e Paraguai. De surpresa, o Equador classificado no lugar da Colômbia, já que o Uruguai vai para a repescagem contra a Austrália e deve se classificar para a Copa.

Seria necessária uma via-crúcis dessa para definir o que todos já sabíamos? São dez times, que se façam dois grupos de cinco seleções. Em oito jogos, estão definidas as Eliminatórias, sem necessidade de sacrifício e desgastes.

Foi a primeira vez que o Brasil participou desse tipo de Eliminatória e foi um fracasso que beirou a tragédia. Passaram quatro técnicos pela Seleção, sem nenhum sucesso e sem deixar boas lembranças.

Luxemburgo foi derrotado pela sua prepotência e caiu nas Olimpíadas, ao perder ridiculamente para Camarões. Nas Eliminatórias, a campanha do técnico nem foi tão ruim assim. Candinho cobriu o buraco deixado pela demissão de Luxemburgo e comandou o time apenas contra a fraquíssima Venezuela.

Leão, que também mostrou arrogância, perdeu justamente para isso. Foi um técnico obscuro, convocou figuras pífias, não fez nada de importante (fosse bom ou ruim) e saiu quase anônimo, após derrotas para Japão e Austrália, em jogos amistosos.

Felipão chegou como salvador, com seu jeito bonachão e desbocado, humilde e feroz, sem paletó e sem contenção nas palavas. Fez do Brasil uma continuação do que fizera em Grêmio e Palmeiras: uma equipe medrosa e retrancada, mas que no fim, acabou por vencer, aos trancos e barrancos e na “bacia das almas”.

Mas agora, o que vai acontecer, ou melhor, o que deve acontecer? Espero que a vitória sobre a Venezuela não nos faça esquecer das mazelas.

Seria tão bom que tudo recomeçasse do zero, Ricardo Teixeira e seus asseclas longe da CBF. Aliás, seria tão bom a CBF longe do futebol... Farah, Eurico, Edmundo Santos Silva, Fabio Koff e Mustafá longe dos clubes e do futebol. A decência e os bons ideais permeando a direção do esporte máximo do Brasil. Quem sabe, vejamos Tostão, Sócrates, Juca Kfouri, Júnior, Zagallo, José Trajano, Paulo Calçade, Casagrande, Zico, Jorge Kajuru, Milton Neves, Raí, Parreira como dirigentes do futebol. Seria tão bom... Oswaldo de Oliveira como técnico. O futebol de volta.

A atuação de Edílson no jogo contra a Venezuela (aliás, que time pavoroso!) me fez lembrar que o futebol brasileiro ainda existe, escondido sob esquemas medrosos e dirigentes mal-intencionados. Os gols de Luizão trazem à nossa memória um tempo que o Brasil via em adversários como Venezuela e Honduras simples sparrings. Que esse tempo volte. E logo.

Na minha opinião, ao saber que o Brasil se classificou, Itália, Inglaterra, Argentina, Espanha, França e Alemanha começaram a tremer. Não é piada, não! O Brasil ainda impõe muito respeito e seu nome traz medo aos oponentes. Mas sem Felipão, sem retranca, sem ruindade, sem desonestidade! No dia 9 de novembro, comemoramos o centenário de Paulo Machado de Carvalho, o Marechal da Vitória: lembremo-nos dele!

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Publicado no Sampa Online ( http://www.sampaonline.com.br )