Futebol
por Luiz Fernando Bindi
Novembro 02, 2001
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Oscar, 46744 pontos versus Pelé, 1281 gols

No último domingo, dia 28 de outubro, o maior jogador de basquete do Brasil, Oscar, bateu o recorde mundial de pontos, que pertencia à Kareem Abdul Jabbar, lengendário norte-americano que esteve sempre na NBA.

Confesso que entendo pouco de basquete, o que talvez não me credenciaria para falar sobre isso. Inclusive, acho basquete um esporte bem chato.

Três queridos amigos, Fernando Pratti, Alexandre Perussi e Fernando Paternost adoram basquete, acompanham a NBA com o mesmo afinco e paixão que eu acompanho o futebol. Mas não consigo entender a paixão deles por um esporte tão pouco nacional e, acima de tudo, tão pouco democrático.

Pouco democrático? Sim. Se você, leitor (e até leitora), tem menos de 1,70, está acima do peso ou tem pouca habilidade, suas chances de jogar basquete são nulas, a não ser a título de chalaça.

Nas quadras públicas de São Paulo (tão poucas, aliás), o que impera são amadores que se acham profissionais, colocam um tênis igual ao de Michael Jordan e sentem-se superiores a qualquer mortal.

Outro dia, no Ibirapuera, eu e alguns alunos jogávamos futebol de salão nas horrorosas quadras do parque (atenção, dona Marta!). Todas as vezes que a bola fugia da quadra e entrava nas quadras de basquete, tínhamos que ir buscá-la, além de ouvir impropérios daqueles que jogavam basquete.

Detalhe: jogavam basquete apenas rapazes altos, com tênis importados e atitude de soberba. E no nosso futebol, estavam meus alunos (com os mais variados biotipos) e eu, muito além do meu peso ideal. E todos jogávamos, aos trancos e barrancos, com tênis velhos, sapatos de camurça ou de meia mesmo. E nos divertíamos, sem a arrogância típica dos atletas da NBA.

Esse é outro ponto: Marcelinho Carioca é arrogante? Sim, mas muito menos que o insuportável Allan Iverson. Edmundo é maluco? Sim, mas perto de Dennis Rodman, o atacante é uma carmelita descalça. E os campeões da NBA, que se consideram Campeões Mundiais? É como se um clube brasileiro se considerasse campeão mundial de truco. Afinal, só se joga truco aqui no Brasil!

Oscar, não. É simpático, sorridente, humilde, sentimental. Tem um caráter acima da média (apesar de ter se juntado, em tempos idos, a Paulo Maluf, num erro que poderia ter manchado sua carreira). E afinal, bateu o recorde mundial de pontos, que estava nas mãos de uma lenda do esporte.

Apesar de muitos dos 46744 pontos serem contestados por estatísticos, vale a vitória de um brasileiro, que alegra muito quem ama qualquer esporte, como eu e os leitores.

Mas vamos fazer uma conta? Oscar pratica um esporte onde se joga dia sim, dia não e há uma média de 200 pontos por jogo e fez 46744 e deve chegar a 47000. Pelé jogou um esporte em que se jogava duas vezes por semana, com média de 3, 4 gols (ou pontos) por jogo e fez 1281. Digamos que Oscar tenha jogado mil partidas de basquete, com uma média de 47 pontos por jogo. Seriam então 25% dos pontos da partida.

Pelé também disputou aproximadamente mil jogos e fez 1281 gols, com média de 1,3 gols por jogo, ou seja, 50% dos gols de uma partida.

Quer dizer, a marca de Oscar é linda e merece todas as glórias e homenagens. Mas nada será como Pelé. Nada é como o futebol.

Pílulas de Idéias

# A única mancha na festa de Oscar, além da briga no fim do jogo contra o Fluminense, foi ver Edmundo dos Santos Silva, suspeito presidente do Flamengo, homenageando essa lenda brasileira que é o Mão Santa. Por que não convidar Ubiratan, Amauri Passos ou mesmo Hortência ou Paula?

# Mais uma vez, as Torcidas Organizadas dão vexame: a Torcida Jovem do Santos invadiu o treinamento do time praiano, ameaçando jogadores (Viola, Robert, Paulo Almeida, Marcelo Silva e Russo), o técnico Cabralzinho e jornalistas da TV Gazeta.

# Chamar essa gente de torcida é um erro. São bandidos, desocupados profissionais, elementos perigosos para a sociedade. Torcida Jovem, Mancha, Independente, Gaviões, Leões da Fabulosa, não importa a denominação.

# A TV Gazeta sempre bajula as Torcidas Organizadas, com reportagens especiais e beija-mãos freqüentes. Agora, o bom repórter Wagner Lima, da emissora, foi ameaçado pela Torcida Jovem. Quem sabe olhos sejam abertos e a Gazeta seja mais uma defensora do fim dessa turma.

# O Torneio Rio-São Paulo, que eu já disse que começava nojento, dá o nome à sua taça: Eduardo Vianna, o Caixa d’Água. Parece uma grande piada, de péssimo gosto e sem a menor graça. Será que é Pegadinha do Sérgio Mallandro?

# Rogério Ceni é um dos maiores goleiros que eu já vi. Tem elasticidade, classe, agilidade, calma, liderança e estilo. Mas tem uma boca muito grande. Outro dia, após uma atuação histórica contra a Portuguesa, falou mal de Falcão. Só de Falcão, que foi o melhor volante da história do futebol mundial e que é um excelente comentarista. Toda a atuação do goleiro são-paulino foi esquecida e duvido que Felipão o convoque tão cedo.

# Carlos Melles, Ministro dos Esportes, diz que Ricardo Teixeira já tem uma carta de renúncia pronta. Nada como “saio do mundo para entrar na história”, mas algo como “saio da CBF para entrar na FIFA”. Abramos os olhos para Carlos Melles, que eu faço questão de lembrar que é um pára-quedista.

# Finalmente, o Palmeiras se livra de Celso Roth, o pior técnico que passou na história do glorioso alviverde. No seu lugar, entra Márcio Araújo, um técnico-tampão.

# Araújo já fez a mesma coisa em outros tempos e foi um fracasso. Mas parece que Mustafá Contursi não tem esperanças para 2001. E fontes me garantem: em janeiro, chega Picerni ou Carlos Bianchi.

# Picerni é bom, mas a torcida teria que ter paciência, pois ele é um técnico a longo prazo. Bianchi não é nada do que se pensa: é apenas mais um retranqueiro.

# Não torço pelo São Caetano, nem acho que ele tem camisa para ser campeão. Dessa vez, quero ver o Azulão campeão, assim como foi em 2000, mas que teve seu título afanado pelo Tirbunal de Justiça Desportiva (leia-se Eurico Miranda).

# O Corinthians venceu o Santos, num jogo sem brilho. Mas, na verdade, a comemoração foi de título, especialmente de Luxemburgo. Chato é ter que ouvir do técnico que “ele nem pensou em Marcelinho Carioca.” Ora, faça-me o favor!

# Chega ao Palmeiras um atacante obscuro, chamado Ricardo Boiadeiro. Pior: ele se apresenta de chapéu e bota. Quem é e de onde veio são perguntas interessantes. Mas a questão é: por que ele veio? O empresário dele é o mesmo do terrível lateral - esquerdo Misso, que também apareceu do nada no Parque Antártica. Hummm....

# Surgiu na Rádio Bandeirantes a idéia: qual o hino mais bonito entre os clubes do Brasil. Os dos times de São Paulo são um horror, especialmente de Santos e São Paulo. Acho o do Grêmio o mais bonito e o do Flamengo é emocionante.

Fala, Internauta!

# O amigo Ricardo Pandolfi passa por um momento difícil, mas sei que com seu caráter e competência, irá vencê-lo.

# O leitor Mauro Aragão me pergunta o que eu acho da idéia de José Trajano, que sugeriu a fusão entre o São Caetano e o América do Rio. O novo time disputaria a Rio-São Paulo.

# Apesar de admirar Trajano e achar que o São Caetano ficar de fora da Rio-São Paulo é digno de engulhos, eu não concordo com a idéia. Cada time tem sua tradição e por isso deve ser respeitado.

# O amigo Wiegerinck e Alessandra casaram. Desejo felicidades aos dois, que tenho certeza que merecem. Um beijo aos dois e sempre!

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