Futebol
por Luiz Fernando Bindi
Junho 15, 2001
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Felipão: a volta dos técnicos de agasalho

Oi, gente! Tudo bem? 

Luiz Felipe Scolari finalmente foi indicado para ser técnico da Seleção Brasileira. Já era mais do que passado da hora, pois o futebol do Brasil precisava de uma injeção de ânimo. 

Que a Seleção está desacreditada, não resta a menor dúvida. Em outros tempos, o time poderia ser fraco, o técnico medíocre e a fase ruim. Mas as outras Seleções respeitavam e até temiam o Brasil. Agora, os australianos confiavam que poderiam nos vencer (como de fato venceram) e os franceses consideram os jogos contra a nossa Seleção como favas contadas de vitória. 

É muito simplista colocar a culpa no técnico, na falta de categoria de jogadores. A situação é muito mais complexa: os culpados somos nós. 

A ruindade dos atletas, a mediocridade dos técnicos super-valorizados, a imoralidade dos dirigentes, os violentos torcedores organizados, a imprensa que só critica sem nunca buscar soluções verdadeiras, a televisão que em troca de dinheiro marca partidas em horários absurdos, as rádios que transmitem os jogos de graça e acham que isso tem que ser assim mesmo, o governo que não incentiva os jovens a praticarem o esporte, a eterna crise econômica que inviabiliza os times pequenos e a várzea (reveladores naturais de talentos). Enfim, uma gama infindável e mesmo insondável de problemas a serem resolvidos. 

Quer dizer: a culpa é da nossa mentalidade, que desde os tempos de colônia foi burilada para ser passiva e complacente. 

Quando assumiu, Felipão disse que queria menos profissionalismo e mais amadorismo. É nessa tecla que eu sempre bato: chega do simulacro de profissionalismo que o futebol brasileiro se meteu! 

Basta de técnicos “engomadinhos”, que colocam um paletó e uma gravata e por isso se acham modernos e competentes! 

Chega de jogadores que usam a Seleção Brasileira como trampolim para transferências milionárias! 

Que seja o início de uma limpa na classe dirigente do nosso futebol e que sobrem apenas os bem-intencionados, que gostem do esporte e que sejam profissionais de verdade, como eu sou e como você leitor é. Pessoas que batalham seriamente, ganham seu dinheiro honestamente e vêem no trabalho um caminho a ser seguido e não um fim a ser alcançado. 

Espero que Felipão, com seu jeito passional, vibrante e às vezes, feroz, retorne o trilho do qual o futebol brasileiro não poderia ter saído: o trilho do amor à camisa, do profissionalismo apaixonado, da vontade de jogar bola, da “faca nos dentes”. 

Muitos reclamam que Felipão convocou Mauro Silva. Eu prefiro o futebol tosco porém humilde e raçudo do veterano meio-campista ao futebol de Roberto Carlos refinado, porém cheio de empáfia. 

Torço demais por Felipão. Como técnico, nem acho ele grande coisa, mas só de colocar sangue na veia dos jogadores já será um grande vitorioso. 

Se o Brasil vai se classificar para a Copa do Mundo? Muito provavelmente. Mas isso será apenas o começo. 

Pílulas de Idéias

# Felipão convocou sua primeira Seleção Brasileira. Vamos ver:

Goleiros

Marcos (Palmeiras) – excepcional, o melhor do Brasil

Dida (Milan/ITA) – péssimo. Cadê Rogério Ceni? Um dos poucos erros de Felipão 

Laterais

Cafu (Roma/ITA) – o melhor, não podia ficar de fora

Belletti (São Paulo) – bem razoável, é um bom reserva

Roberto Carlos (Real Madrid/ESP) – excelente, só precisa controlar seu enorme ego

Serginho (Milan/ITA) – muito bom, mas eu preferia Júnior, ex-lateral do Palmeiras, mas que está machucado 

Zagueiros

Lúcio (Bayer Leverkusen/ALE) – muito bom, um grande zagueiro

Antonio Carlos (Roma/ITA) – muito bom, experiente e dará grande segurança a Lúcio

Roque Júnior (Milan/ITA) – muito bom, apesar da má-fase

Cris (Cruzeiro) – não gosto, acho muito lento. Preferia Juan ou Caçapa. 

Meio-campistas

Mauro Silva (La Coruña/ESP) – experiente e sério, gostei muito de sua convocação

Emerson (Roma/ITA) – excelente, um dos melhores do mundo na posição. Melhor que ele, só Rincón

Fábio Rochemback (Barcelona/ESP) – muito promissor, chuta bem de fora da área, faz excelente marcação

Rivaldo (Barcelona/ESP) – ótimo mas precisa de sangue nas veias

Alex (Palmeiras) – um virtuoso, mas precisa acordar e deixar de se esconder em jogos importantes

Juninho Paulista (Vasco) – bom jogador, habilidoso e veloz 

Atacantes

Euller (Vasco) – gosto muito do futebol de Euller. Acho o companheiro ideal de Romário, completa com velocidade a inteligência do Baixinho

Ewerthon (Corinthians) – muito promissor também, apesar de estar sem fazer gols há muito tempo

Geovanni (Barcelona/ESP) – não vejo nada de importante em Geovanni

Romário (Vasco) – sem comentários. Não se comentam os gênios.

Jardel (Galatasaray/TUR) – muito fraco, o segundo erro de Felipão. Mas teremos que agüenta-lo.

Élber (Bayern de Munique/ALE) – gosto de Élber, muito rápido e goleador.

# Ricardo Teixeira falou que quer um time de bandidos. Ato falho? Certas pessoas deviam silenciar.

# A eliminação do Palmeiras na Libertadores da América foi a conclusão de uma morte anunciada. Após jogo emocionante, mais uma vez o time de Parque Antártica foi para os pênaltis. Ficam claras algumas coisas para o futuro palmeirense: Alex não serve: pode ser bom (e é muito bom), mas some em jogos importantes e não tem condição psicológica para ser craque. Felipe também é ótimo, mas precisa melhorar a sua condição física. Magrão, Fábio Júnior e Juninho são inúteis para qualquer time e se saírem, não farão falta, assim como o medroso técnico Celso Roth. Que volte o futebol bonito: chega de brucutus, chega de futebol feio. 

# Nós brasileiros não podemos esquecer da mal-intencionada atuação do juiz paraguaio Ubaldo Aquino no primeiro jogo. Ele manipulou o resultado propositalmente e acabou por contribuir para a eliminação do Palmeiras.

# Com uma esplendorosa atuação de Riquelme e Ibarra, o Boca está na final e é favoritíssimo ao Bicampeonato. Numa de minhas primeiras colunas, escrevi que o único time que poderia fazer frente aos brasileiros era o Boca. E assim foi: o time argentino tirou o Vasco e o Palmeiras. E o Bayern de Munique que se cuide: o Boca será Campeão Mundial.

# No empate com o Grêmio, apesar de que poderia ter sido mais fácil e tranquilizador, o Corinthians deu um grande passo na direção de mais um título. 

# Como qualquer um poderia imaginar, a CPI do Futebol acabou em pizza. Nada mais esperado.

# Devido a uma pane de Informática, a coluna dessa semana é mais curta. Desculpas aos leitores.

# Os Titãs e sua música são um dos símbolos da minha geração. Certamente, Marcelo Fromer e seu talento jamais sairão dos nossos ouvidos e dos nosso coração. Essa coluna eu dedico a ele, que tão bem escrevia sobre futebol. 

# Até semana que vem.

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