Futebol
por Luiz Fernando Bindi
Junho 08, 2001
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Os fins nunca justificam os meios

Oi, gente! Tudo bem? 

Quando acabou o jogo no qual o Corinthians venceu a Ponte Preta (no domingo, dia 3, pela Copa do Brasil), Marcelinho Carioca declarou à Jovem Pan que “...quero ganhar, não importa como, o que eu quero é ganhar!...”. Ele respondia à pergunta de Wanderley Nogueira, que o indagou sobre a violentíssima e desleal entrada que o atacante corinthiano deu no zagueiro pontepretano Rodrigo. Mais uma vez, Marcelinho mostra-se antiético, destemperado e maldoso com outro ser humano. Os fins justificam os meios? Quebrar a perna de um colega de profissão em início de carreira vale? Marcelinho merece uma punição rigorosíssima e atitudes como essa acabam por colocar em segundo plano qualquer vitória do Corinthians e prejudicam atletas corretos desse brilhante time, como Ricardinho, João Carlos, Maurício, Ewerthon e tantos outros. 

O que os jogadores precisam entender é que eles são mais um na história dos times em que eles jogam e que importa sim como se ganha! 

Mal-comparando: se Hitler não tivesse sido burro e narcisista demais, a Alemanha poderia ter ganho a Segunda Guerra e toda a nojenta teoria nazista teria obtido vitória. E a vitória de Hitler seria válida apenas por si só? 

Muitos colegas de imprensa e o próprio povo acham engraçado e genial a mão de Maradona na Copa de 86, quando um gol ilegítimo contra a Inglaterra deu a vaga na semifinal ao time argentino, que acabou sendo campeão. Genial, nada. Maradona foi desonesto. 

Nilton Santos, talvez o maior lateral-esquerdo da História do Futebol Mundial, na Copa do Chile em 62, quando o Brasil sagrou-se Bicampeão Mundial, cometeu um pênalti claríssimo sobre o excelente atacante espanhol Gento, o que garantiu a vitória e a classificação do time brasileiro. Na sexta (dia 1o.), na SporTV, declarou que essa é a única vergonha que ele traz da sua gloriosa carreira. 

Claro que o blefe, o pênalti cavado e a reclamação infrutífera fazem parte do futebol. Não sou utópico a ponto de querer que Nilton Santos se acusasse do delito. Isso não existe. No futebol, bom é competir, melhor é ganhar. 

Mas, no futebol, assim como na vida, devemos ganhar honestamente, respeitando o companheiro de trabalho, sem querer ganhar de qualquer jeito, sem procurarmos subterfúgios escusos, sem machucarmos ninguém. 

Mais uma vez: o brasileiro não pode se acostumar com a antiética e a imoralidade. Tanto condenamos o “rouba, mas faz” na política... Por que no esporte ele pode ser válido? Não, de jeito nenhum. Isso é inaceitável! 

Pílulas de Idéias 

# O Corinthians, de forma brilhante, está em outra final. Chega ao jogo decisivo da Copa do Brasil contra o Grêmio como favorito. Com o segundo jogo em São Paulo, o título não escapa do time alvinegro.

# O título da Copa do Brasil é mil vezes mais importante que o do Campeonato Paulista, pois leva o time para a Libertadores da América, que é a grande competição que um time brasileiro pode ganhar. E há muito que o Timão persegue essa conquista.

# A Ponte Preta não quer ser grande. Aceitou a saída de Nelsinho no meio do campeonato, deixou o atacante Washington ir para a medíocre Copa das Confederações e está fora de mais um campeonato. Quem nasceu para ser pequeno...

# Um final-de-semana cheio de campeões. Os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Goiás e o Distrito Federal têm seus campeões definidos.

# No Rio Grande do Sul, o Grêmio sagrou-se campeão pela 33a. vez ao vencer o Juventude no belíssimo Estádio Olímpico. Com esse título, o tricolor gaúcho iguala-se ao Internacional, que está numa fase terrível.

# Em Santa Catarina, o Joinville conseguiu o bicampeonato, após vencer o Criciúma por 2 a 0. Santa Catarina tem uma tradição muito curiosa: lá, quem manda são os times do Interior. A capital Florianópolis e seus dois times (Avaí e Figueirense) ganham pouquíssimos títulos.
# No Paraná, o Atlético chegou ao tricampeonato, após equilibradíssima disputa com o Paraná Clube. O rubro-negro é muito bem estruturado, com uma excelente organização e manda no futebol paranaense há muito tempo. Só precisa deixar de ser doméstico. 
# Em Minas Gerais, o simpático América foi campeão depois de sete anos de fila. Hoje em dia, os títulos do “Coelho”, apelido do América, são esporádicos. No início do século, porém, o time chegou a ser decacampeão (ou seja, dez vezes campeão seguido). O clube, que é o segundo no coração da maioria dos mineiros, saiu da última posição para o título, numa campanha semelhante ao Corinthians.
 # Em Goiás, o limitadíssimo centroavante Túlio levou o Vila Nova ao título, impedindo o tradicional Goiás de chegar ao hexacampeonato. O cigano Túlio logo sairá do Vila, mas é ídolo e sei jeito folclórico chega a ser romântica no “profissional” do futebol de hoje.
# No Distrito Federal, o Gama chegou ao pentacampeonato, vencendo na final o Brasiliense. Como curiosidade: o patrono do Gama é o ex-senador José Roberto Arruda e o do Brasiliense, o senador cassado Luiz Estevão. Estão bem de patrono os times candangos? 
# Tenho um carinho muito grande pela cidade de Águas de Lindóia, que considero “minha cidade”, apesar de eu ter nascido em São Paulo. E agora, o ALEC (Águas de Lindóia Esporte Clube) volta a disputar o Paulistão, na Sexta Divisão. Aí está a ficha do Águas de Lindóia, a quem desejo toda sorte do mundo. Minha torcida ao ALEC.

Águas de Lindóia Esporte Clube
Fundação: 01/março/1970
Estádio: Leonardo Barbieri
Endereço: Rua Boa Vista, 930 – CEP 13940-000 – Tel.: (19) 3824-2829
 

Fala, Internauta! 

# O leitor Paulo Sérgio Costa me pergunta qual o time mais simpático do Brasil? Não sei, realmente, não sei dizer. Falam do Juventus, da Portuguesa, do América do Rio. Mas certamente é uma pergunta muito interessante. E você, leitor, qual é o seu segundo time? 

# O jornalista Fernando Leite me diz que viu alguns jogos do Flamengo e acha o time limitado, salvando-se apenas Júlio César, Juan, Gamarra, Petkovic e Edílson. Fernando diz que o Flamengo cresceu contra o Vasco, que jogou na retranca nas finais do Carioca. Concordo com a análise, principalmente em relação à Gamarra. Com o zagueiro paraguaio em campo, o time não precisa de goleiro.  

# Fernando Leite também diz desconfiar de Romário, que sempre se “contunde” em jogos importantes. O centroavante de fato não tem mais o mesmo preparo físico e nunca foi de treinar, que dirá agora, com 35 anos. E num clube com Eurico Miranda e um técnico que aceita certas ingerências, Romário joga quando quer.  

# O inteligente leitor Thadeu Filho não concorda com a minha afirmação que a Liga dos Campeões Europeus seja o campeonato Interclubes mais importante do mundo.  

# Ele diz que a Libertadores é mais antiga e que os sul-americanos normalmente vencem os europeus no Mundial. Na verdade, os times da América ganharam 18 vezes e os europeus, 21 vezes. Mas eu quis falar não da qualidade dos times (que ao meu ver, é equilibrada), mas da tradição, da comoção provocada. Tanto que até pouco tempo, os brasileiros nem se importavam com a Libertadores (em 66, 68 e 69, Santos, Botafogo e Palmeiras não quiseram jogar a competição continental).  

# O mesmo leitor diz que quem vencer a Libertadores esse ano é favorito contra o Bayern de Munique no Mundial de Tóquio. Creio que se Palmeiras ou Boca Juniors forem campeões da América, sejam os favoritos contra os alemães. Agora, Cruz Azul e Rosário Central não serão páreo.  

# O geógrafo Fernando Paternost lembra que em 1987, o Corinthians também saiu das últimas colocações e chegou à final. Porém daquela vez, o Timão foi vice, pois perdeu do São Paulo na decisão. Paternost também lembra da Taça dos Invictos -que ainda existe, mas com esses campeonatos horrorosos, com fase, turno, semifase e outras bobagens ficou inviabilizada. Eu me lembro também do Torneio Início, que era muito legal. Na próxima coluna, falo mais sobre isso. 

# Peço aos amigos leitores que, ao enviarem mensagens, coloquem seus nomes, para que eu possa lhes responder convenientemente. Como sempre, agradeço às manifestações enviadas. Um abraço aos leitores Marcela Batista, Marco Aurélio Klein, Cláudio Ferreira, Eliana Gonçalves, João Wiegerinck. Assim caminharemos juntos.

# Dedico essa coluna ao jornalista Milton Neves. Milton é certamente, o maior responsável pelo amor que sinto pelo futebol. Desde criança me acostumei a passar os domingos ouvindo Milton desde as 9 da manhã até de noite. Um dia, prometi ao Milton Neves que seria como ele. Quando ele me mandou um email na semana passada dizendo que a coluna é ótima e eu já sou “um Milton Neves melhorado”, pensei: “preciso comer muito feijão para chegar aos seus pés”. Mas já é um começo e o reconhecimento dele já me fazem feliz. Obrigado, Milton. 

# Até semana que vem.

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