Futebol
por Luiz Fernando Bindi
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Parabéns, Telê!
Oi, gente! Tudo bem?
Quando olhamos para os
bancos dos grandes times brasileiros, um sentimento de impotência nos corrói.
Nelsinho, Parreira, Zagallo, Celso Roth, Luxemburgo, Carpeggiani, Felipão,
Geninho... Nenhum deles é muito ruim, mas nenhum deles é bom. Tite (do Grêmio),
parece que pode crescer, mas é muito prematuro afirmar qualquer coisa.
Quando olhamos para os
bancos passados, vemos uma figura inesquecível, às vezes mal-humorado, mas de
uma competência inigualável: Telê Santana da Silva, ou apenas Telê, o Fio de
Esperança. Homem sério, honesto, leal e um grande piadista que poucos
conheceram. Mas acima de tudo: um técnico genial, que queria ver no campo nada
mais que futebol, ofensividade e gols. É esse homem, que no dia 26 de julho,
completou 70 anos.
Nascido em Itabirito, filho de João Veríssimo (ironicamente apelidado de Zico, que viria a ser o mesmo nome de um dos craques mais admirados pelo treinador) e dona Corina, Telê recebeu o nome Telê Santana da Silva devido à devoção paterna por Sant’Ana, cuja festa é 26 de julho.
A
carreira de Telê como jogador (iniciada no Itabirense – veja o distintivo)
foi brilhante, como atesta André Ribeiro em seu excelente livro “Fio de
Esperança, a Biografia de Telê Santana”. Mas foi como técnico que me
impressionou.
Tenho 28 anos. Minhas
primeiras lembranças do futebol são do final da década de Setenta. Lembro-me
de um jogo no qual um jovem e mediano Palmeiras (com Pires, Mococa, Gilmar,
Baroninho, Rosemiro, Jorge Mendonça, Zé Mário, Pedrinho, Seixas) goleou o
Flamengo de Zico, Júnior, Toninho Baiano e Carpeggiani por 4 a 1 num Maracanã
lotado e silencioso de flamenguistas. Ao fim do jogo, de forma emocionante, os
cariocas aplaudiram os “Garotos de Telê”.
Em 1982, Telê dirigiu
a mais brilhante Seleção Brasileira que já vi (alguns dizem que tão boa
quanto as de 58 ou 70). O time contava com gênios como Leandro, Oscar, Júnior,
Cerezo, Sócrates, Zico, Falcão... Miseravelmente, por uma união dos deuses e
demônios do futebol, o Brasil foi eliminado da Copa da Espanha daquele ano por
uma medíocre Seleção Italiana (que acabou sendo campeã). Lembro esse fato
como a maior tristeza que já tive no futebol.
Mas como jogava aquele
time! As lembranças do povo brasileiro são muito mais carinhosas daquela
equipe que dos campeões mundiais de 94. Telê ficou com fama de pé-frio, ainda
mais depois que perdeu também a Copa de 86.
Foram precisos outros
seis longos anos até que Telê mostrou toda sua categoria: foi bi-campeão
mundial com o São Paulo. Para mim, fica a inesquecível lembrança do abraço
de Raí no mestre após fazer o gol de falta contra o Barcelona, no primeiro título.
Os iconoclastas de plantão podem dizer que Telê jogou com Pintado, Dinho e Doriva. Mas também aprendeu a ganhar e quem pode dizer que o São Paulo jogava feio?
Ah, Telê, que
saudades da sua honestidade, sua crueza necessária, sua competência, seu amor
pela bola na rede. Como técnico, você parou, mas como exemplo, será sempre
eterno.
Seu sorriso de meios
dentes e os fósforos mastigados estarão sempre na memória dos que amam o
futebol. E por conseqüência, te amam. Parabéns, Mestre, Gênio!
Pílulas de Idéias
# Sempre comentei sobre os verdadeiros ideais de Marcelinho Carioca. Nunca desci a detalhes que sempre estiveram nos bastidores e nos corredores. Nem jamais pretendo fazer isso. Mas o fato de ele ter espalhado que Ricardinho é dedo-duro de Luxemburgo me leva a duas reflexões: 1. se é verdade, o assunto é gravíssimo, pois depõe, de forma contundente, contra o caráter de outras pessoas; 2. se for mentira, é o caráter de Marcelinho que fica sob suspeita. De qualquer forma, não há mais ambiente para o jogador no Corinthians. Aliás, desde quando há um bom ambiente em Parque São Jorge?
# Parece que o Campeonato Brasileiro de 2001 não começa dia 1º de agosto, como pretendido e anunciado. O Remo e o Náutico querem entrar na festa. Uma piada... é claro! Carlos Melles, Pelé, cadê vocês??
# O Brasil perdeu para Honduras. Uma vergonha inominável. No dia 9 de agosto, havia um amistoso marcado contra os hondurenhos. Foi devidamente desmarcado e remarcado, só que agora contra o Panamá (que muitos talvez nem saibam que tem futebol). Preocupação: nas Eliminatórias, o Panamá ganhou de Honduras.
# Iniciou-se no dia 21 de julho, com o jogo Flamengo 2 x 0 Nacional de Montevidéu, a Quarta Edição da Copa Mercosul, que pode ser a última, devido ao boicote que alguns clubes brasileiros pretendem fazer a partir do ano que vem. Disputada por grandes times da América do Sul (apesar de ser por convite, o que tira um pouco de seu valor), a Copa dá prêmios milionários: o campeão deste ano ganhará quase 5 milhões de dólares. Atrai bons públicos e já começou a pegar. Veja os distintivos dos vinte participantes deste ano:
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Boca Juniors (Argentina) | ![]() |
Palmeiras (Brasil) |
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Cerro Porteño (Paraguai) | ![]() |
Peñarol (Uruguai) |
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Colo Colo (Chile) |
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River Plate (Argentina) |
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Corinthians (Brasil) | ![]() |
San Lorenzo (Argentina) |
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Cruzeiro (Brasil) | ![]() |
São Paulo (Brasil) |
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Flamengo (Brasil) | ![]() |
Talleres (Argentina) |
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Grêmio (Brasil) |
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Universidad Catolica (Chile) |
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Independiente (Argentina) | ![]() |
Universidad do Chile (Chile) |
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Nacional (Uruguai) | ![]() |
Vasco (Brasil) |
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Olimpia (Paraguai) | ![]() |
Vélez Sarsfield (Argentina) |
Fala, Internauta!
1. Milton dá “ZERO” para todo o time e para Felipão.
2. “A seleção brasileira afundou na lama da vergonha.” Eu concordo plenamente.
3. O Brasil “...foi eliminado pela seleção de Honduras, que, com todo respeito, não mete medo no Íbis.” Foi o que eu disse, nem o Águas de Lindóia teme Honduras.
4. “O fundo do poço seria uma eventual eliminação da Copa do Mundo.” Certamente, mas será que não seria um remédio amargo, porém necessário?
5. “Em relação ao time do Brasil está tudo esgotado, técnica, tática, raça, camisa, vergonha, competência, honra...”. É verdade: não temos mais um ou dois culpados, tudo já foi colocado no meio do lixo.
6. “...os homens que dirigem nosso futebol aniquilaram todo o fio de esperança que restava.” Disso eu não tenho a menor dúvida.
7. “A seleção brasileira foi tão inepta e incapaz que exauriu até o poder da crítica...não há mais o que criticar, não há mais do que reclamar, não há mais quem xingar, nem por quem praguejar.” Foi o que eu pensei quando acabou o jogo: o que escreverei na coluna??
8.
“Ah, nós da imprensa, temos culpa também. Somos exagerados. Eu,
principalmente. Ou talvez.” Amigo Milton, se todos tivessem essa autocrítca,
muitos já teriam sumido do mapa e não arrogantemente dizendo que é normal
perder para Honduras ou se escondendo em uma suspeita choperia.
# Marco Aurelio Klein
(sem acento na letra E, em “Aurelio”, aliás), me diz para não preocupar
com a Seleção Brasileira. Enigmático conselho: devo ter certeza que tudo dará
certo ou que nem adianta eu esquentar a cabeça?
# Peço aos amigos
leitores que, ao enviarem mensagens, coloquem seus nomes, para que eu possa lhes
responder convenientemente. Agradeço às manifestações enviadas. Um abraço
tanto aos anônimos quanto aos leitores Sílvio Luís (da Rede Bandeirantes),
Tatiana Prado, Eliana Gonçalves, Milton Jung (da Rádio CBN), Tiago Mattos e
Mauro de Mello Jucá. Assim caminharemos juntos.
# Um dos mestres
(apesar dele ter a humildade dos craques) do jornalismo esportivo é José Maria
de Aquino. Esta coluna, que fala de outro mestre, é dedicada a ele.
# Até semana que vem.
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