Futebol
por Luiz Fernando Bindi
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Copa América: o que vale menos?
Oi,
gente! Tudo bem?
Os comentaristas
esportivos (eu, inclusive) temos o costume de dizer: “ah, esse torneio não
vale nada” ou “o Paulistão não vale nada”... Na semana passada, Dirceu
Maravilha, narrador da Rádio Bandeirantes (840AM), repreendeu os jornalistas
que dizem esse tipo de coisa, mas sempre fazem coberturas extensivas dos
campeonatos que “não valem nada”
Essa absurda e esdrúxula
Copa América que se inicia essa semana é um típico exemplo de campeonato que
não vale rigorosamente nada. Quando eu digo que não vale nada, quero dizer que
não tem nenhum significado esportivo, que é deve ser o objetivo de qualquer
torneio de futebol.
Desde que a Copa América
foi marcada para a Colômbia (ainda em 1999, durante a última edição), surgiu
a questão: seria seguro organizar uma Copa América num país politicamente em
ebulição, com uma guerra civil latente e uma cultura de violência incomum?
Certamente que não.
Mas a Copa foi confirmada na Colômbia. Há duas semanas, o organizador do
evento Hernán Campuzano foi seqüestrado pelas FARC (as Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia, organização guerrilheira-terrorista de repúdio
ao governo institucionalizado).
Após uma série de
pressões, o presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol)
Nicolás Leóz, anunciou que o torneio estava adiado para março de 2002. No dia
seguinte, mais uma vez pressionado, especialmente pelas emissoras de TV, Leóz
confirmou a copa para seis dias depois, como já marcado pelo antigo calendário.
A desorganização foi
tamanha que Argentina e Canadá se recusaram a disputar o bagunçado campeonato.
Para seus lugares, as pífias seleções de Honduras e Costa Rica foram chamadas
para tapar os buracos.
As seleções que
foram estão desfalcadas e muito mais preocupadas com as Eliminatórias (aliás,
que burrice disputar Copa América e Eliminatórias no mesmo ano!). Até a seleção
da casa jogará com muitos reservas.
E a segurança? Na terça
(dia 10 de julho), assisti uma entrevista com Clóvis Rossi, José Arbex e Cláudio
Julio Tognoli no excepcional programa “Provocações” da TV Cultura. Ambos
foram unânimes: a preocupação é constante e o clima urbano é muito desagradável.
Ligeiramente pior do que vivemos nas nossas periferias.
Pessoalmente, tenho o
seguinte temor: se der tudo certo, será um ponto a favor do governo colombiano.
Governo esse combatido pelas forças revolucionárias. Esse é o medo.
Como eu disse no início, a Copa América nada significará para o futebol, apenas para os patrocinadores. Por isso, não procurem nada nessa coluna sobre notícias da Copa América. Não vale a pena dar ibope a esse tipo de gente que dirige o futebol.
Pílulas de Idéias
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# O Flamengo venceu a Copa dos Campeões e se classificou para a Libertadores de 2002. Em dois excelentes jogos, onde vimos um futebol que há muito tempo não vemos no Brasil, o time carioca conquistou o título. Petkovic, Juan, Reinaldo e Edílson tiveram atuações esplêndidas. Parabéns ao Flamengo! |
# Mauro Silva deixou a Seleção
Brasileira no aeroporto, alegando medo de jogar na Colômbia. O volante
foi, ao contrário do que parece, muito corajoso. Não é fácil assumir
um medo para toda a opinião pública. Se todos os jogadores tivessem a
seriedade de um Mauro Silva, ninguém correria riscos e um campeonato inútil
não seria disputado. |
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# De fato, ética é uma palavra que não existe no dicionário de Wanderley Luxemburgo. Dispensar nove jogadores por uma circular interna é uma atitude, no mínimo, incorreta. A par da qualidade ou não dos atletas (a saber: o goleiro Maurício, o lateral Índio, os zagueiros Fábio Luciano, João Carlos e Ávalos, os meio-campistas Gallo, Marcos Senna e Pereira e o atacante Fernando Baiano), o homem Luxemburgo deveria ter falado em particular com eles. Do jeito que foi, o passe deles foi desvalorizado, o Corinthians perdeu dinheiro e os jogadores foram magoados, desmoralizados e ofendidos em sua honra. O glorioso clube Corinthians não merece Luxemburgo. |
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# Na última semana, muitos estados definiram seus campeões. Amazonas, Ceará, Pará, Piauí, Rondônia e Tocantins finalizaram seus campeonatos. |
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# No Amazonas, depois de dez anos de fila, o Rio Negro sagrou-se campeão, acabando com o jejum e o monopólio de São Raimundo e Nacional (o maior rival do campeão). |
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# No Campeonato Cearense, o bom time do Fortaleza, comandado pela revelação Clodoaldo, ganhou o título após dois empates contra o Ceará. É o 24º título do tricolor, que se aproxima do rival, que tem 27 conquistas. |
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# No Pará, mais uma vez a disputa ficou entre Paysandu e Remo. O Paysandu (o chamado Papão do Curuzu) conquistou o 38º título, ao vencer o rival por 4 a 0 e posteriormente empatar em 0 a 0 |
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# O Campeonato Piauiense, vencido pelo Ríver, teve uma grata surpresa: o Oeiras, fundado esse ano e que chegou à final, sendo derrotado pelo tricolor piauiense apenas no terceiro jogo. |
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# Em Rondônia, o título mais uma vez ficou com o Ji-Paraná, o maior vencedor do Estado, com sete títulos em dez torneios. Curiosamente, nunca um time de Porto Velho (a capital rondoniense) venceu o Estadual. |
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# Tocantins, o mais novo estado brasileiro, teve o Palmas vencendo seu segundo título. Como curiosidade, o meio-campo dos vencedores tem a seguinte escalação: Adeíldo, Mezaque, Matera e Wesnalton. Fantástico! |
# Que me perdoe o colega João Wiegerinck, mas vou me meter em Cidadania. Causou-me revolta a desfaçatez e insolência do Coronel Ubiratan Guimarães, que foi condenado a 650 anos de prisão pelo Massacre do Carandiru, onde 111 presos foram covardemente mortos. O coronel desfilou, em pé, no desfile de Nove de Julho. Manchou um marco no ano cívico paulista e brasileiro por puro revanchismo |
Fala, Internauta!
# Oswaldo Barbosa me
diz que não torce mais para o Palmeiras: o que ele quer ver é futebol bem
jogado, um pouco que seja, venha de onde vier. Oswaldo: na toada que o nosso
futebol vai, onde Jardel é nosso salvador, é melhor assistir campeonatos de
outros países.
# O sociólogo Marco
Aurélio Klein diz que o Brasil se classifica, pois um time de médio para cima
sempre se classifica. No entanto, ele vê no sistema de disputa (inédito para o
Brasil) um dos motivos da má-campanha e cita que os brasileiros nunca jogaram
com os argentinos pelas Eliminatórias. Pode ser, pode ser. Mas, na verdade, o
fato é um só: o nosso futebol está enfraquecido, com essa burra tática de
copiar o estilo de marcação sem talento do europeu.
# Peço aos amigos
leitores que, ao enviarem mensagens, coloquem seus nomes, para que eu possa lhes
responder convenientemente. Agradeço às manifestações enviadas. Um abraço
aos leitores Giancarlo Conti (obrigado pelas palavras tão gentis), Vanessa
Marinelli, Eliana Gonçalves, Flávia Thomé, Márcio Sampaio de Castro e Ingrid
Guimarães. Assim caminharemos juntos.
# Mais uma amiga passa
por dificuldades. Elaine: estou ao seu lado, sempre. Seja feliz (ou pelo menos,
tente ser).
# Até semana que vem.
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