Futebol
por Luiz Fernando Bindi
Fevereiro 02, 2001

Profissional sim. Mas, e a paixão ?

Oi, gente! Tudo bem?

Em 1992, a empresa de laticínios italiana Parmalat chegou ao Palmeiras, caindo no meio do futebol como se fosse uma bomba, tão devastadores foram seus efeitos imediatos.

Ao entrar no futebol, a intenção da Parmalat era reforçar sua marca, que nunca havia tido vendas expressivas no Brasil. Ela certamente não imaginava que iria ocorrer o que aconteceu: hoje, a empresa é a segunda do Brasil no seu setor (perde apenas para a poderosíssima Nestlé) e estendeu seus domínios para sucos, bolachas, macarrão...

Qual o motivo desse assustador e mesmo inesperado crescimento? Não é o caso de discutir se a qualidade dos produtos Parmalat é boa. Acontece que eles investiram naquilo que o brasileiro mais ama: o futebol. Lembro-me bem de corinthianos que não compravam leite, por ser da Parmalat ou donos de padaria torcedores da Portuguesa que não vendiam leite quando a Lusa perdia do Palmeiras.

Além de ter investido numa paixão, a multinacional foi extremamente profissional neste investimento. Comprou jogadores de altíssimo nível (Edmundo, Rincón, Evair, Rivaldo, Djalminha, Edílson, Mazinho, Roberto Carlos, Antônio Carlos e mais uma dezena de craques), dando ao Palmeiras quase todos os títulos que o time disputou –exceto o Mundial de Tóquio, de triste memória. Mas, ao mesmo tempo em que comprava craques, os vendia com lucro. Ou seja, atingia seus objetivos, ganhava títulos, obtinha superávits e ainda marcou, de forma definitiva, seu nome no mercado brasileiro.

Ao ver o sucesso da parceria Palmeiras–Parmalat, os torcedores e os outros clubes começaram a correr, de modo quase cego, atrás do mesmo tipo de investimento. E as empresas se aproveitaram. Chegaram ao Brasil a ISL (empresa suíça de fundos de aposentadoria) e a Hicks, Muse, Furst & Tate (a conhecida Hicks Muse ou HMTF, empresa norte-americana, também de fundos de aposentadoria).

A ISL investiu no Grêmio e no Flamengo e a Hicks, Muse investiu no Cruzeiro e no Corinthians. A diferença é que essas duas empresas não querem reforçar sua marca, pois elas não vendem nada. O que elas querem é lucro, só isso.

Mas o futebol não suporta somente o capitalismo pelo capitalismo. O futebol é movido quase que exclusivamente pela paixão.

O torcedor do Corinthians não quer saber se a Hicks, Muse teve sucesso financeiro; ele quer saber é de ver o time campeão. E o que Corinthians ganhou depois que a HMTF chegou? Só conquistou o título de um Campeonato Mundial no mínimo contestável (qual o mérito que o Corinthians obteve para disputar esse torneio?). A Hicks, Muse contratou bons jogadores, mas a ânsia de grandes vitórias e uma diretoria corinthiana amadora estragaram todo o projeto inicial.

O principal é o seguinte: a parceria do Palmeiras com a Parmalat foi única e mesmo inigualável. Não há comparação, pois os objetivos foram outros, a diretoria palmeirense não teve influência negativa e os títulos vieram. E, ao contrário da ISL e da Hicks, Muse, a Parmalat não esqueceu que o futebol, acima de tudo, é amor e a meta deve ser a satisfação da torcida.

E, dado à absurda e imoral desorganização do futebol brasileiro, as empresas estão "pondo o pé do freio". Quem vai investir milhões de dólares num futebol em que Euricos fazem a lei ou num futebol que não sabe nem quantos times farão parte de seu próprio campeonato nacional?

***

No dia 24 de janeiro, entrevistei, no Programa Tribuna Independente (transmitido todos os dias pela Rede Vida, canal 26 da NET, às 22:30), a ex-jogadora de basquete Paula, a Magic Paula. Hoje, ela é responsável pelo Centro Olímpico da capital paulista.

Além de demonstrar as habituais simpatia e beleza, Paula nos contou como encontrou o esporte na Prefeitura da cidade: um horror, como tudo que as gestões Maluf – Pitta nos presentearam. Contou, entre outras coisas, que muitos centros esportivos da cidade estão absolutamente abandonados (inclusive o Jorge Brüder, de Santo Amaro) e outros, dominados totalmente por traficantes. Ao chegar na Secretaria de Esportes, não encontrou sequer bolas de futebol ou dinheiro para encher as piscinas. Lamentável o que fizeram com São Paulo. Lamentável...

Mas Paula é muitíssimo bem-intencionada e pediu a ajuda de todos para alcançar seu principal objetivo, que é educar os jovens e descobrir novos talentos. Adiantou inclusive que o técnico da Seleção Brasileira Masculina de Handebol e o ex-jogador de Basquete Wlamir Marques já se dispuseram a ajudar como voluntários. Quem quiser ajudar, entre em contato comigo, pelo formulário no fim da coluna.

Pílulas de Idéias

# Romário fez 35 anos no dia 29 de janeiro. São dezesseis anos de carreira, iniciados no Vasco, com passagens sempre brilhantes por PSV Eindhoven (da Holanda), Barcelona (da Espanha), Flamengo e Seleção do Brasil. Foram dezenove títulos e mais de quatrocentos gols, além de uma habilidade e rapidez de raciocínio únicos. Ultimamente, mesmo estando às voltas com as contusões e a conhecida "vontade" de treinar, Romário continua genial. Como eu já disse, o melhor jogador que eu vi jogar. Melhor até que Maradona. Longa vida ao famoso Baixinho.

# Na terça, dia 30, explodiu a notícia que Júnior Baiano, do Vasco, jogou dopado contra o São Caetano, na final da João Havelange, após ter usado cocaína. Sabidamente, a cocaína não produz efeitos que colaborem na performance. Então, o problema é pior: o zagueiro vascaíno é viciado ou usou esporadicamente? É uma pena que os jogadores entrem nesse mundo triste. Reflexo da má-formação educacional da maioria dos nossos atletas.

# Pois é. Ficou comprovado que havia lotação excessiva em São Januário quando da queda do alambrado. Mas antes dessa decisão, o Tribunal Desportivo julgou o contrário. Eu pergunto: com base em quê? Mais um ponto negativo para a nossa cega justiça.

# O Corinthians ganhou do Flamengo e encerrou o vexaminoso jejum. No sábado (27), perdeu para a boa Ponte Preta e voltou ao inferno. Eu já disse antes: Índio, Gléguer, Avalos, Gallo, Marcelinho Carioca, Otacílio e Paulo Nunes não ajudarão em nada. O Timão que se cuide.

# Ainda o Corinthians. Vi uma foto em que Paulo Nunes andava de cavalinho nas costas de Marcelinho Carioca, onde os dois pareciam velhos amigos. Há uns dois anos, Nunes classificou Marcelinho de mau-caráter (segundo publicado pela Folha da semana retrasada). Que coisa, não? Como as opiniões mudam...

# E o Palmeiras continua de mal a pior. Cinco volantes, Taddei na lateral esquerda, Daniel jogando e Arce sabe-se lá onde, Alex e Juninho sem sangue nas veias, técnico de time pequeno... Será o Palmeiras de 2001 uma reedição do Corinthians de 2000?

# E França foi infantilmente expulso e o São Paulo se deu mal. É uma pena, o time não é tão ruim. Mas França há muito tempo não joga nada.

# Santos, Portuguesa, Ponte Preta e Fluminense são as deliciosas surpresas de início de ano. Com times razoáveis, estão muito bem nos campeonatos. E ambos fizeram pré-temporadas e mantiveram a base de 2000. Será que é só coincidência?

# Eduardo José Farah mais uma vez é acusado de improbidade administrativa no caso da venda do jogador Piekarski, do Mogi-Mirim ao Bastia, da França. Como sempre, as explicações do cartola são boas. Mas poderiam ser muito melhores. Como dirigente, Farah sempre será alvo de críticas e desconfiança. Pode não ter culpa, mas tem que se cuidar, coisa que não fez nesse caso. Esperemos explicações melhores.

# No jogo Ponte 3, Corinthians 1, o gol do Corinthians surgiu de uma falta (batida com a costumeira, mas ultimamente bissexta classe de Marcelinho Carioca) que voltou pois os jogadores do time campineiro se adiantaram sobre a marca do spray. Quando isso aconteceria antes? Jamais. Ponto positivo ao spray e parabéns ao árbitro do jogo, Cléber Abade.

# Luxemburgo de volta ao Palmeiras? Péssimo negócio. Ele é bom técnico, mas está com tantos problemas, que não vale a pena investir. E tem outra: se oferecer é muito feio, além de anti-ético com Marco Aurélio.

# E o boxeador Popó venceu outra "baba", o panamenho Oscar Soto. Estão "maguillando" o Popó, como Milton Neves definiu genialmente. Não entendo muito, mas gosto de boxe. E percebi a fraqueza do lutador do Panamá. O perigo é quando Popó quiser unificar seus títulos e tiver que pegar as "feras". Estará preparado?

# Corremos o risco de perder a prova brasileira de Fórmula 1. A bomba estourou nesta quarta-feira, quando a secretária municipal de Esportes, Nádia Campeão, teve que anular licitações supostamente irregulares da última gestão. Não só a cidade de São Paulo, mas nossos vizinhos de bairro podem perder esse grande e charmoso evento. Mais uma macabra herança da Maluf – Pitta.

Fala, Internauta

# Fernando Pratti, assessor de imprensa da Confederação Brasileira de Tênis, opina que o maior problema do futebol brasileiro atualmente é a violência. Sem dúvida, Fernando. Quem tem coragem de levar o filho, a mãe ou a namorada num jogo? Até em jogos menores, como União Barbarense e Matonense saem brigas feias. De quem é a culpa? É uma questão que vale uma coluna inteira, que prometo escrever assim que possível.

# Fabio Hideo me envia um dossiê muito bem feito sobre a história da Portuguesa. Além da interessante história de fundação da Lusa (que, um dia, se fundiu com o Mackenzie), fala do time de todos os tempos (Félix, Djalma Santos, Brandãozinho, Marinho Perez e Zé Roberto; Badeco, Dener e Enéas; Julinho, Simão e Pinga). O dossiê tem fotos históricas e imagens certamente gloriosas. Mas, Fabio: e os títulos da simpática Lusa? Abaixo, algumas das imagens do dossiê :

Sala de Troféus

Sala de Troféus

Escudo Oficial

Escudo Oficial

Mascote

Mascote

# Novamente agradeço, com muito carinho a todas as manifestações recebidas. Uma lembrança aos leitores Mariana Cotrim, Eliana Gonçalves, Marcelo Prior, Viviane Mazin, Carolina Salles, Marcelo Chagas, Erna Matarazzo, Christiane Gianico, Rogério de Andrade, Milton Martins Pereira e Nikkos Papandrakkis. Como eu já disse, assim caminharemos juntos.

# Dedico essa coluna, com muito afeto, à minha irmã Daniela.

# Até semana que vem.

Espaço dos Distintivos

14 de Julho

14 de Julho – Santana do Livramento (RS)

Zumbi

Zumbi – Palmeira dos Índios (AL)

XV de Campo Bom

XV de Campo Bom – Campo Bom (RS)

Açailândia

Açailândia – Açailândia (MA)

Águia de Marabá

Águia de Marabá – Marabá (MA)

Gama

 Gama – Gama (DF)
Olympique de Vannes Olympique de Vannes (FRA)

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