Futebol
por Luiz Fernando Bindi
Dezembro 14, 2001
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Oi, gente, tudo bem?

Depois de muito tempo, muita disputa e um regulamento mais do que esdrúxulo, chega ao fim o Campeonato Brasileiro de 2001.

De forma surpreendente, disputarão o título dois times que nunca chegaram ao máximo escalão no futebol brasileiro: São Caetano e Atlético Paranaense.

Atlético Paranaense São Caetano

Os times guardam entre si muitas diferenças, mas também possuem uma semelhança (além de nunca terem conquistado títulos nacionais de importância): são times organizados, clubes de alta categoria e com dirigentes cujas características estão a quilômetros da fanfarronice dos bufões que coordenam nosso futebol. No entanto, as semelhanças ficam fora de campo.

Dentro de campo, as diferenças são marcantes. O São Caetano, que a torcida apelidou de Azulão, tem um futebol mais leve, mais solto e verdadeiramente mais ofensivo. Certamente, a espinha dorsal do time do ABC é formada por Daniel, um ótimo zagueiro, Adãozinho, um belo volante, que merece ser observado por Felipão, Esquerdinha (o melhor do time desde há muito tempo), Anaílson, que é muito bom, mas fisicamente é frágil demais e Magrão, um centroavante típico, à base de trombadas e cabeçadas.

No entanto, creio que o São Caetano tem alguns defeitos, que não podem ser escondidos. Sílvio Luiz é um goleiro instável e propenso a falhas decisivas (me lembra Dida, do Corinthians), Mancini é um lateral sem recursos, que se mantém pela raça e manter um atacante sem qualidade como Magrão é um perigo, que nada tem a ver com o futebol ofensivo preconizado por Jair Picerni, técnico do Azulão. Como deixar no banco um jogador como Müller?

Acredito que a grande vantagem do São Caetano em relação a muitos outros times (especialmente Corinthians, Flamengo e Palmeiras) é a união. Jair Picerni conseguiu fazer com que as vaidades não surgissem para que o resultado final não fosse comprometido.

Já o Atlético Paranaense tem alguns bons jogadores, entre os quais destaco Gustavo, um zagueiro que parece lento, mas é muito bem colocado, Kléberson (outro volante de qualidade a ser observado por Felipão), Adriano, meia habilidoso, rápido e criativo, além do goleador Kléber, que de vez em quando, some do jogo e o atacante Alex Mineiro, renegado por Felipão no Cruzeiro e que tem um estilo com muita explosão muscular.

Mas os pontos fracos do rubro-negro paranaense são igualmente importantes. O goleiro Flávio é muito fraco, uma garantia que não haverá placar em branco. Nem, zagueiro que era péssimo no São Paulo e agora é “apenas” ruim, com muito vigor físico e sem técnica nenhuma. No banco, o técnico Geninho não inspira confiança, apesar de estar fazendo campanha brilhante.

No entanto, o maior defeito do Atlético é subjetivo: o time é violento, marca forte demais: o que o volante Cocito fez com Kaká no jogo contra o São Paulo é um crime, que só passou em branco graças à maldosa conivência do árbitro. O futebol praticado pelo Atlético Paranaense é a antítese do que eu espero do esporte: pegada dura, jogo baseado no entrosamento e no vigor físico.

Ao contrário do que pode parecer, a final é equilibradíssima e certamente será rica em emoções. São dois times que se completam em suas falhas e necessidades.

O primeiro jogo será em Curitiba, no lindo estádio da Arena da Baixada, o que pode garantir ao Atlético uma boa vantagem para o jogo da volta, que será em São Paulo, talvez no Parque Antártica.

Palpite, chute simples: leve vantagem ao Atlético Paranaense.

Pílulas de Idéias

# Se o São Caetano entrar contra o Atlético Paranaense do jeito que começou o jogo com o Atlético Mineiro, ou seja, com as pernas tremendo, perde o jogo e o campeonato.

# Se entrar em campo do jeito que jogou depois que começou o dilúvio do último Domingo, ganha o campeonato.

# Essa final lembra a memorável final de 85, quando Coritiba, um time paranaense em posição de zebra, jogava contra o Bangu, time de pequena torcida na periferia do Rio de Janeiro, mas que uniu em torno de sua simpatia uma legião de torcedores que lotaram o Maracanã.

# Deu Coritiba, nos pênaltis, com o heroísmo do goleiro Rafael Camarotta, amigo da minha família e que sempre foi um profissional de alto nível.

# Não consigo engolir um time de qualidade como o São Caetano possuir um centroavante limitado como referência. Cheira mal.

# As regras das quartas de final e das semifinais do Brasileiro foram ridículas. Um único jogo para decidir um campeonato de sete meses? Da cabeça de cartola e de bumbum de nenê...

# Como eu já disse, a agressão criminosa de Cocito sobre Kaká, que fez torcer o tornozelo do ótimo e jovem são-paulino teve o consentimento do juiz, o sempre péssimo Antônio Pereira da Silva.

# Os árbitros sempre estiveram entre os culpados da desgraça que se abate sobre o futebol brasileiro. São ruins, incompetentes, cegos na pior acepção do termo e nunca ficarão livres de desconfianças.

# Seria utopia imaginar um futebol sem a incapacidade cruel dos árbitros e com dirigentes sérios?

# O que dizer então da Liga Rio-São Paulo, que tem o rebaixado Guarani, o novo-rico Etti-Jundiaí e os mortos de Bangu e América e não tem o São Caetano? Farah, não seja antiEttico! A Liga Rio-São Paulo não pode começar suja!

# Da série Idéias Estúpidas dos Dirigentes: a FIFA quer que uma seleção transnacional dispute a Copa de 2006. A equipe Frankenstein teria jogadores de países não classificados para a Copa. Ora, façam-me o favor! Onde fica o amor pelo país, a força de adorar sua própria bandeira e tudo que envolve uma Copa do Mundo?

# CPI do Futebol aprovada. Cabe à justiça levar a termos decentes a continuação dos trabalhos. Farah, Eurico, Teixeira, Luxemburgo, Caixa-d’Água precisam ser limados. Vamos ver se a justiça se mexe.

# Vergonha. É o nome do sentimento que deveria encher o coração do povo brasileiro após o assassinato covarde de Peter Blake, o “Pelé” da Vela, morto enquanto lutava pela natureza de um país que o próprio governo ignora.

Fala, Leitor!

# O fidelíssimo leitor Marco Aurelio Klein me chama a atenção para o sorteio da Copa, quando ele diz que “...o cenário de fundo quando o Blatter falou tem uma espécie de mosaico, no qual estão várias suásticas...”. Não percebi isso, mas creio que seja por questões religiosas, já que várias religiões orientais tem na suástica um símbolo sagrado.

# No entanto, como o próprio Klein me disse, um símbolo usado (na verdade, Klein, usurpado), por um canalha como Hitler nunca mais deve ser usado impunemente, seja por acidente ou não. Concordo totalmente.

# Mais Klein: ele diz que “...perdemos de babas (Bolívia, Chile e Honduras) que sequer chegaram à Copa...”, ao ser contrário à maré que adorou estar num grupo fraco. Também concordo, mas acho que na Copa do Mundo será outra história. Eu espero.

# Ele também me diz que preferia um grupo mais forte, como foi em 58 e 70, pois assim o time “pegaria no breu”. Foi exatamente o que eu disse: com times mais fortes, a seleção seria melhor testada.

# O mestre Elias Awad me disse que isso aconteceria um dia. O leitor Fábio Siqueira diz que eu só falo mal do Palmeiras e do Corinthians e elogio o São Paulo. Ele diz “...você só pode ser são-paulino ou flamenguista, tal seu ódio pelo Verdão e pelo Coringão (...) que time você torce, afinal?”, dispara Fábio.

# Aqui no SampaOnline, sou amante do futebol, que está entre as coisas que eu mais amo no mundo. Mas tenho uma predileção especial por um time, já que quem ama futebol sempre torce por um time específico e quem diz o contrário mente.

# Mas acho temerário dizer, pois pode parecer que sou parcial, o que não aceito. Gosto mais de futebol que do meu time.

# Dedico essa coluna aos meus pais e à minha noiva. No dia 5 de dezembro fiz aniversário e cada vez me conscientizo mais da importância que eles têm para mim. Um beijo para os três.

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