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Os
Campeonatos Estaduais morreram?
Oi,
gente! Tudo bem?
Fontes da coluna
garantem que os dirigentes do Clube dos Treze têm articulado Campeonatos
Regionais em 2001 sem os grandes times.
Com o imenso sucesso
do Campeonato do Nordeste, os clubes viram nos Torneios Regionais (no estilo
Rio-São Paulo, Sul-Minas e o próprio Nordestão), um belo filão de
desenvolvimento. A idéia dos dirigentes de Grêmio e Cruzeiro é de oficializar
esses Regionais, no eficiente sistema de ida e volta.
A idéia básica é
transformar os Estaduais na segunda e terceira divisões dos Regionais. Segundo
o planejamento feito por Zezé Perrella, presidente do Cruzeiro e vice do Clube
dos Treze, a Sul-Minas seria jogada nos moldes do Nordestão deste ano, com os
doze que estiveram na Sul-Minas em 2001 mais os quatro campeões de Minas
Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A mesma coisa aconteceria
com o Rio-São Paulo e a Copa Norte-Centro Oeste.
Muitos podem
raciocinar da seguinte forma: “finalmente alguém teve uma boa idéia”. O
que não podemos desprezar, no entanto, é o charme do Campeonato Estadual.
Certamente, para
alguns palmeirenses é muito mais gostoso vencer o Corinthians do que vencer o
Flamengo, por exemplo. E times como o União São João? Eles nunca mais
receberiam o São Paulo em seus domínios? Até quando seria lucrativo para eles
enfrentarem Bragantino e Araçatuba? Será que os pequenos clubes se
sustentariam por quanto tempo?
Eu tenho uma opinião
muito firme no que se refere à profissionalização do futebol: ela deve
acontecer, mas o amor que move o esporte nunca pode ser esquecido.
É claro que os
Estaduais são deficitários. São deficitários pois não valem nada, a não
ser a própria tradição. Creio que os Estaduais deveriam ser classificatórios
para os Regionais, que não teriam participantes fixos.
Como os Regionais são
trampolins para a Libertadores (aí está o Palmeiras, que chegou à
Libertadores depois de vencer o Rio-São Paulo em 2000), seria criada uma “pirâmide”
de evolução, assim como ocorre na Alemanha, por exemplo. Se os Estaduais
fossem em ida-e-volta, onde o time com mais pontos fosse campeão e os quatro
primeiros colocados estivessem nos Regionais, eles seriam muitíssimo mais
atraentes e lucrativos.
Sem perder a necessária
paixão.
Pílulas
de Idéias
#
Talvez eu devesse falar algo sobre o ridículo empate do Brasil com o Peru. De
início, eu citaria alguns nomes sintomáticos como Alessandro, Edmílson,
Leomar, Washington, Mineiro e Marcelinho Carioca. Mas a definição de Mauro
Betting, na PSN, foi mais uma vez genial: “o futebol da Seleção não é a
comida estragada, é a diarréia”. O empate com o pavoroso time peruano é
apenas um sintoma da insidiosa administração do nosso futebol da Seleção e
dos clubes.
# No último dia 23 de abril,
no programa Tribuna Independente (Rede Vida, segunda à sexta às 22:30),
entrevistei o deputado federal Aldo Rebelo (PC do B – SP), presidente da CPI
da CBF-Nike, que ficou popularizada como a CPI do Futebol. Dessa entrevista,
destaco algumas opiniões do deputado e impressões da minha parte:
1.
Aldo Rebelo não entende de futebol. Não sei o motivo de sua escolha
para a presidência da CPI.
2.
Rebelo informou que o futebol brasileiro movimenta 16 bilhões de dólares
por ano: imagine quantos interesses de tipos variados surgem com essa quantia
assustadora de dinheiro.
3.
Certamente, o que mais tem emperrado a CPI é a chamada “Bancada do
Futebol”, que faz de tudo para impedir os trabalhos da Comissão, atravancando
processos e lutando contra a prorrogação dos trabalhos.
4.
Eurico Miranda só faz parte da CPI graças ao PPB, seu partido. A
legenda (cujo presidente é Paulo Maluf) o indicou justamente por pressões do
dirigente, que não quer que a Comissão apresente soluções.
5.
A CPI descobriu contas de dirigentes brasileiros nas Ilhas Virgens Britânicas.
Nessas contas, encontra-se muito dinheiro originalmente destinado aos clubes.
6.
Mansões em Ubatuba, Angra dos Reis e Búzios estão no nome de empresas
de Aruba, Ilhas Cayman e Ilhas Virgens, onde outros dirigentes de times do
Brasil têm suas pessoas jurídicas.
7.
A CPI pensa em processar a CBF por monopólio na organização do futebol
brasileiro, o que contraria a Lei 8666, a Lei do Sistema Nacional do Desporto.
8.
Grave constatação que fiz: a CPI não mexerá com Pelé. Várias vezes,
Rebelo deixou claro que deve ser feita a diferenciação entre o Pelé-jogador e
o Pelé-empresário. Na minha opinião, isso não é possível: ao meu ver, esse
é um subterfúgio para não “macular” a imagem do futebol brasileiro no
exterior. E empatar com o Peru, é bom para a imagem do nosso futebol?
# A Federação Paulista de Futebol marcou a rodada decisiva do Paulistão para o sábado, deixando apenas o clássico São Paulo versus Corinthians, que certamente não terá a menor graça. Desde quando o futebol no Brasil se decide de sábado? Isso porque Farah disse que jamais mudaria datas neste Paulistão.
# Foi estranha, no mínimo, a ajuda ao Santos no jogo contra o São Caetano, onde o time do litoral teve um pênalti inexistente marcado em seu favor. Foi esquisita a não-marcação de um pênalti claro para o União de Araras contra o Corinthians. Seriam desagradáveis semifinais entre Ponte Preta, São Caetano, Rio Branco e Botafogo?
# O Corinthians jogou mal contra o União São João, mas ganhou quando quis ganhar (apesar do pênalti não-marcado a favor do time do interior), com muita segurança e maturidade. Se não pegar o Santos na semifinal, o Timão é favorito ao título.
# Muito suspeito o empate da Ponte Preta contra a Barbarense. O empate em 0 a 0, um dos três únicos do Paulistão, praticamente rebaixou o Guarani. Muito suspeito...
# Que fiasco o São Paulo. Começou com tudo, caiu na hora errada e está antecipadamente eliminado. Agora, começam a surgir críticas a Kaká, Júlio Baptista e Fábio Simplício. O que todos (inclusive a imprensa), devem entender é que eles são jovens e têm defeitos, que serão sanados com o tempo. O fato é que o time do São Paulo é mediano e tem no ótimo Rogério Ceni o seu referencial. E goleiro não resolve jogo, não cria nem arma jogadas.
# Na semana passada, falei sobre os salários atrasados. Na sua edição de 24 de abril, a Revista Placar conta histórias assombrosas sobre falta de pagamento aos jogadores. O Vasco está há 6 meses sem pagar (isso mesmo, Eurico Miranda dá calote nos seus jogadores!); o Atlético Mineiro, há 3 meses não remunera seus atletas, o que provocou a renúncia do presidente do clube, Nélio Brant; o Botafogo não paga há 7 meses. E depois perguntam por que os jogadores não se esforçam: como ter o mesmo ânimo de se jogar sem salário?
# Ronildo, do Galo Mineiro, deixou de enviar dinheiro aos seus pais por não ter o que mandar. Felipe (hoje no Palmeiras), quando no Vasco, teve que vender seu carro para poder viver. No Grêmio, Marcelinho Paraíba não recebeu salário desde que chegou, há 7 meses.
# O drama é muito mais grave nos times menores: Leão, quando era técnico do Sport Recife, chegou a vender cabeças de gado para pagar os salários de alguns jogadores. Apesar da solidariedade do treinador, há maior inversão de valores? Ninguém faz nada contra essa imoralidade? Onde estão Pelé, Ricardo Teixeira e Carlos Melles? Fazendo acordos utópicos, convenientes e desnecessários, certamente.
# Há no Maranhão um time chamado Tocantins. Até aí, nada demais. O grave é o patrono do time: Eurico Miranda, ele mesmo. Na frente da camisa azul do Tocantins, uma foto do rotundo cartola. Nas costas sobre o número, os dizeres: “Eurico Miranda, o melhor dirigente do Brasil”. O presidente do time maranhense, Justino Oliveira, deu o nome do vascaíno a cinco centros de treinamento, pelo seu apoio “moral”. É graças a pensamentos curtos como esses, de pessoas que vêem em lamentáveis dirigentes como Eurico Miranda um exemplo, que o futebol do Brasil está caminhando para o fundo do poço.
# Um movimento tem sido organizado na tentativa de oficializar o rodeio como sendo um esporte e um peão como atleta. Sem dúvida, o peão deve ser respeitado em seu trabalho. Porém, é inaceitável que algo que maltrata e fere os animais seja considerado esporte. O rodeio me revolta profundamente, especialmente pelos maus-tratos que se impõe aos animais. Isso não é esporte, é uma covardia inominável.
Fala,
Internauta!
#
O leitor Fabio Hideo, ao ler meu artigo sobre a Rua Javari, me convida a
assistir um jogo do Guapira, time da região do Jaçanã que disputa a Quarta
Divisão do Campeonato Paulista. Convite aceito: após o jogo, relato a experiência.
#
O ético jornalista Fernando Leite fala sobre a Copa Kaiser, o maior torneio
interclubes da Várzea do futebol brasileiro. Eu fiz a cobertura da Copa Kaiser
para o site www.rsssf.com.
Como ótima fonta de consulta, indico o site www.copakaiser.com.br.
Nos jogos de várzea, vemos o amor pela camisa, a paixão amadora, um tanto fora
de moda, mas deliciosa.
#
Agradeço às manifestações enviadas. Um abraço aos leitores Marcos Giusti,
Paulo de Castro, Olívia Guimarães, Emerson Teixeira, Jorge Marinho, Lenise
Rossi, Eliana Gonçalves, Milton Neves, Alves Neto, Jorge Mármion e Rogério de
Andrade. Assim caminharemos juntos.
#
Dedico essa coluna ao meu pai. Após passar por um longo e difícil momento, ele
começa a vencer novamente. Muito carinho.
#
Até semana que vem.
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