Festival ZUM acontece no próximo fim de semana no IMS Paulista

Novembro 21, 2017

Nos dias 24, 25 e 26 de novembro (sexta, sábado e domingo), a revista ZUM, publicação de fotografia do Instituto Moreira Salles, realiza o FESTIVAL ZUM, com três dias de atividades gratuitas no IMS Paulista. O evento reunirá artistas, fotógrafos, editores, cineastas e escritores em debates e palestras sobre a produção e a circulação das imagens no mundo atual.

A presença do editor alemão Gerhard Steidl, dono da mais prestigiosa editora de livros fotográficos, marca a inauguração oficial da Coleção Steidl, doada este ano à Biblioteca de Fotografia do IMS Paulista. Trata-se da primeira Coleção Steidl instalada no mundo: dos lançamentos iniciais de 1994 até as publicações mais recentes, são cerca de 1.200 títulos – número logo defasado, pois novas safras de livros serão acrescidas anualmente à coleção.

As mesas de debate, destaque da programação, mostram, por exemplo, como procedimentos e temas da arte e da política brasileira retornam ao longo dos anos. Da ditadura militar aos conturbados acontecimentos do Brasil atual, encontramos artistas diante da censura e da dominação cultural, que opera a exclusão de minorias de gênero, raça e classe. Isso está presente na obra de artistas de diferentes gerações, como Anna Bella Geiger e Berna Reale, ambas interessadas no uso performático e político do corpo; Antonio Manuel e Éder Oliveira, com trabalhos que se apropriam da imagem fotográfica do jornal para denunciar a censura e a marginalização; e os cineastas Adélia Sampaio e nome a confirmar, que driblaram preconceito racial, de classe, e a dificuldade de acesso aos caríssimos meios de produção para fazer cinema.

Um assunto também caro à programação é o diálogo da fotografia com outras disciplinas. O escritor e fotógrafo americano Teju Cole fala de seu fotógrafo de cabeceira. O fotógrafo suíço Yann Gross e o brasileiro André Penteado conversam sobre a maneira como formalizam suas pesquisas, verdadeiras viagens de expedição, influenciadas pela antropologia e pela história, em fotolivros. E o editor alemão Gerhard Steidl aprofunda a relação da fotografia com o universo editorial na palestra O impresso não morreu – A beleza da mídia analógica num mundo digital. No mesmo dia, Steidl recebe o público na biblioteca para uma Roda de Conversa sobre alguns livros publicados por ele. E, no sábado, será exibido o documentário Como fazer um livro com Steidl.

Para fechar a programação, a fotógrafa Claudia Andujar, que ao longo de sua trajetória sempre utilizou a fotografia como um instrumento de luta política, fala sobre os anos de sua formação.

As mesas de debate de sábado e domingo serão abertas com projeções dos filmes em super-8 de Jorge Bodanzky, comentados pelo cineasta.

Além das mesas de debates, haverá também uma oficina de mídia-ativismo com o coletivo Mídia Ninja, uma exposição das publicações selecionadas na 1ª Convocatória de Fotolivros do Festival ZUM, em parceria com a Biblioteca de Fotografia do IMS Paulista, além de uma Feira de Fotolivros. A feira ocorrerá no sábado e no domingo, das 13h às 20h, com 24 editoras selecionadas: Azulejo (rs), Caravan Projects (sp/Berlim/Londres/Paris/Tóquio), Cobogó (rj), Companhia Rapadura (sp), Criatura (sp), Descoletivo (ce), Editora Madalena (sp), Editora Mentirinha (rj), Fotô Editorial (sp), Fotos Líquidas/Livros Sólidos (sp), Gris (ba), Ikrek (sp), Impressões Mezanino (sp), Íris (sp), {LP} Press (rj), Marcelo Carrera/Pandora Pix (rj), microutopias (Uruguai), Olhavê (sp), Plana (sp), quaseditora (rj), Terra Virgem Edições (sp), Tijuana (sp), Truque (rj/sp) e Vibrant (sp). Algumas editoras realizarão lançamentos com autógrafos durante o festival.

O Festival ZUM conta com apoio da Folha de S. Paulo, Pro Helvetia e Instituto Goethe.

Gerhard Steidl e a exposição Robert Frank: Os americanos + Os livros e os filmes

Na quinta-feira, 23/11, também acontece uma programação especial no âmbito da exposição Robert Frank: Os americanos + Os livros e os filmes com o editor alemão Gerhard Steidl.

11h: Vista guiada com Gerhard Steidl na exposição. 40 vagas.16h: Palestra de Gerhard Steidl. Robert Frank. Books and Films 1947-20017. Sala de aula. 45 vagas.

17h30: Vista guiada com Gerhard Steidl na exposição. 40 vagas.

Eventos gratuitos com retirada de senhas 30 minutos antes.

PROGRAMAÇÃO

SEXTA – 24/11

11h – Inauguração da Coleção Steidl na Biblioteca de Fotografia + palestra O impresso não morreu – A beleza da mídia analógica no mundo digital, com Gerhard Steidl

14h – Roda de conversa O processo de criação dos livros, com Gerhard Steidl

16h – Exposição de livros selecionados pela convocatória + conversa com editores e autores

SÁBADO – 25/11

11h – Como fazer um livro com Steidl, filme de Gereon Wetzel e Jörg Adolph

13h-20h – Feira de fotolivros com 24 editores

DEBATES

Abertura das mesas: projeções de Super-8 com Jorge Bodanzky

14h – Antropologia e história: da Missão Francesa à Amazônia, debate com Yann Gross, André Penteado e Daigo Oliva (mediação)

16h – O corpo visceral: política e performance, debate com Anna Bella Geiger, Berna Reale e Fernanda Menna (mediação)

18h – Meu fotógrafo de cabeceira, com o escritor Teju Cole

DOMINGO – 26/11

10h30 – Oficina de mídia-ativismo com Mídia Ninja

13h-20h – Feira de fotolivros com 24 editores

DEBATES

Abertura das mesas: projeções de Super-8 com Jorge Bodanzky

14h – Arte e apropriação: A que serve a imprensa?, debate com Antonio Manuel, Éder Oliveira e Marcos Augusto Gonçalves (mediação)

16h – As margens do cinema, debate com Adélia Sampaio e nome a confirmar

18h – No lugar do outro: os anos de formação, com Claudia Andujar e Thyago Nogueira

Programação atualizada em revistazum.com.br.

CONVIDADOS

Adélia Sampaio (1944), cineasta, roteirista e produtora de cinema, dirigiu os curtas Denúncia vazia, Agora um deus dança em mim, Adulto não brinca e Na poeira das ruas, além de Amor maldito (1984), o primeiro longa-metragem realizado por uma mulher negra no Brasil.

André Penteado (1970), fotógrafo, é autor dos livros O suicídio do meu pai (2014), trabalho pelo qual recebeu o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger em 2013, Cabanagem (2014), Não estou sozinho (2016) e Missão Francesa (2017).

Anna Bella Geiger (1933), artista e professora, autora da série fotográfica Brasil nativo/Brasil alienígena (1977), da instalação Indiferenciados (2001), entre outros trabalhos. Publicou o livro Abstracionismo geométrico e informal: a vanguarda brasileira nos anos cinquenta (1987), com Fernando Cocchiarale.

Antonio Manuel (1947), artista, autor das Urnas quentes, exibidas na exposição Apocalipopótese, em 1968, da performance em que exibiu o próprio corpo como obra, no Salão de Arte Moderna de 1970, no MAM-RJ, dos curtas-metragens Loucura & cultura (1973) e Semi-ótica (1975), entre outros trabalhos.

Berna Reale (1965), artista e perita criminal, participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, como a I Bienal de Fotografia Masp-Pirelli (2013), a individual Vazio de nós, no Museu de Arte do Rio (2014), e a representação brasileira da 56ª Bienal de Veneza (2015). Recebeu os prêmios Marcantonio Vilaça (2015) e Salão Arte Pará (2009).

Claudia Andujar (1931) fotógrafa. Mudou-se para São Paulo em 1957, onde desenvolveu, com George Love, o Workshop de Fotografia no Masp. Participou da 24ª Bienal de São Paulo, em 1998, e foi objeto da retrospectiva Claudia Andujar: no lugar do outro, no IMS, em 2015.

Éder Oliveira (1983), artista, realizou exposições individuais como Pintura ou a fotografia como violência (Palácio das Artes, Belo Horizonte, 2017) e Malerei – oder die Fotografie als Gewaltakt (Kunsthalle Lingen, Alemanha, 2016), e integrou mostras coletivas, entre elas Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos (MAM-SP, 2017) e 31ª Bienal de São Paulo (2014).

Gerhard Steidl (1950), editor e curador alemão, publicou grandes autores, como Robert Frank, Nan Goldin, Gerhard Richter e William Eggleston, e organizou mostras, como a itinerante Robert Frank: os livros e os filmes, atualmente em cartaz no IMS Paulista.

Jorge Bodanzky (1942) nasceu em São Paulo. Estudou cinema na Escola Superior da Forma de Ulm, na Alemanha. Trabalhou como fotógrafo das revistas Iris e Realidade, e estreou como diretor de cinema em 1974, com Iracema, uma transa amazônica. Dirigiu também Caminhos de Valderez (1974), Gitirana (1975), Os Mucker (1979) e Pandemonium (2010), entre outros.

Teju Cole (1975), escritor, crítico e fotógrafo americano, publicou o romance Cidade aberta e colabora para periódicos como The New York Times, The New Yorker e The Guardian.

Yann Gross (1981), fotógrafo e cineasta suíço, é autor de Horizonville (2010), Kitintal (2010) e The Jungle Book (2016), uma incursão pela Amazônia contemporânea, que recebeu o prêmio de melhor boneco no Encontro de Arles em 2015.

Atividades gratuitas. Senhas distribuídas 30 minutos antes do evento.

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