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Excesso de sal prejudica a visão
Agosto 27, 2014

No Brasil a catarata, opacificação do cristalino, cresce mais que a população acima de 60 anos, apesar da doença estar relacionada ao envelhecimento. De acordo com Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, um dos fatores que contribui com este crescimento é o alto consumo de sal. Só para se ter uma idéia, um levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que o brasileiro continua consumindo mais sal do que o recomendado, mesmo depois da recente redução do sódio em alguns alimentos industrializados. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda 5 gramas de sal/dia, mas no Brasil, em média, o consumo diário é mais que o dobro, 12 gramas. Segundo Queiroz Neto, além do aparecimento precoce da catarata o hábito pode provocar lesões na retina.

O sal, explica, regula os fluídos e substâncias extracelulares no nosso organismo. O consumo abusivo pode antecipar a formação da catarata porque dificulta a manutenção da pressão osmótica entre as células do cristalino e forma depósitos que o tornam opaco.

O especialista diz que o brasileiro não leva a sério a influência dos hábitos sobre a saúde ocular porque os efeitos não são imediatos. Prova disso, é uma pesquisa desenvolvida pelo médico com mil pessoas sobre proteção solar. O estudo mostra que menos de 1% protege os olhos do sol nas atividades externas e só 40% dos óculos escuros usados têm lentes que bloqueiam a radiação ultravioleta. Além de controlar o sal na alimentação ele diz que para prevenir a catarata é importante usar lentes com proteção ultravioleta nas atividades ao ar livre, mesmo durante o inverno e dias nublados. Lentes escuras sem proteção são piores do que não usar nada, afirma, porque permitem a maior penetração da radiação nos olhos.

Hipertensão pode afetar a retina

Queiroz Neto afirma que as alterações vasculares na retina relacionadas ao alto consumo de sal são decorrentes da hipertensão arterial. No início, comenta, a alteração é imperceptível porque é caracterizado pela arteriosclerose, ou seja, degeneração e estreitamento das artérias no fundo do olho. O problema é a falta de controle da hipertensão arterial. Pode desencadear edema do disco óptico, formação de neovasos e morte de células da retina decorrente da oclusão isquêmica da veia central da retina ou hemorragia que provoca grave perda da visão. O tratamento depende do tipo de alteração. Para quem tem arteriosclerose é indicado evitar o tabagismo outro grande inimigo da visão. Queiroz Neto afirma que a oclusão isquêmica da veia central da retina e a formação de neovasos pode predispor ao glaucoma. Neste caso é essencial o tratamento com laser para eliminar os neovasos. Quanto antes for feito o tratamento melhor é o resultado. Em casos de hemorragia a terapia associa aplicação de laser e antiangiogênicos, mas nem sempre os resultados são satisfatórios. Por isso, a recomendação a quem tem hipertensão arterial é consultar um oftalmologista anualmente e praticar atividades físicas que ajudam a manter a pressão sob controle.

Dicas para diminuir o sal

Queiroz Neto afirma que 70% do sal que consumimos vem dos alimentos industrializados e a redução do sódio pela indústria esta sendo implantada gradualmente. Por isso, é fundamental dar uma lida nas embalagens já que o mesmo tipo de produto pode ter grande diferença na quantidade de sódio. Outras dicas do médico para reduzir o consumo são:

:- Substitua o sal comum pelo light que tem 50% do sódio
:- Evite embutidos, sopas e produtos que contêm glutamato de sódio.
:- Retire o saleiro da mesa
:- Capriche nas ervas aromáticas in natura para dar saber aos alimentos
:- Aumente o consumo de frutas, verduras e legumes frescos.