Agosto 13, 2020
“Amor Mundi” é o seminário inspirado no pensamento da filósofa Hannah Arendt que a Cia Fragmento de Dança promove nos próximos três sábados do mês de agosto (dias 15, 22 e 29/08), sempre das 10h às 13h, como parte do processo de criação do seu novo trabalho em dança contemporânea. Em cada encontro, uma convidada especial discorrerá sobre um tema específico.
A palestra-aula do dia 22/08, “Como narrar (amar) o mundo”, tem à frente Laura Mascaro, pesquisadora do grupo "Violência em Tempos Sombrios", dedicado ao pensamento de Hannah Arendt no NEV-USP, que atua como advogada no Núcleo Paulista de Mediação e Arbitragem. A ideia é mostrar como a narrativa, faceta pouco conhecida de pensamento de Arendt, é essencial para a sua forma de compreender e julgar, atribuindo sentido e colaborando para nosso “amor ao mundo”.
A filósofa e educadora Suze Piza, pesquisadora do pensamento ético-político contemporâneo, fecha a série de encontros no dia 29/08, com o tema “Implicações políticas do amor mundi e o espírito da Revolução”. Usando o conceito de amor mundi como mobilizador para identificar a apatia, o descuido, o isolamento, a dessubjetivação como origens dos totalitarismos, a proposta é atravessar a obra da filósofa de forma a compreender o vínculo essencial, mas raramente tematizado pelas tradições revolucionárias, entre cuidado e política.
As inscrições são gratuitas e devem ser feitas no site: www.ciafragmentodedanca.com.br
Serviço
Seminários “Amor Mundi – Pensando com Hannah Arendt”
Com: Crislei de Oliveira Custódio, Laura Mascaro e Suze Piza
Proposta da Cia Fragmento de Dança
Dias 15, 22 e 29/08 (sábados), das 10h às 13h.
Inscrições no site: www.ciafragmentodedanca.com.br
Grátis
Mais sobre os encontros:
15/08 - Amor mundi e natalidade em Arendt: diálogos sobre educação e política – Crislei de Oliveira Custódio
A política, pedra angular do pensamento de Arendt, é o âmbito a partir do qual a autora pensa a própria condição humana e a relação dos homens com o e no mundo. Para ela, "no centro da política jaz a preocupação com o mundo, não com o homem”. Ou seja, visto da perspectiva da esfera política, o mundo é mais relevante do que a vida individual de cada ser humano.
Acerca da educação, a autora afirma que a natalidade - "o fato de que os seres nascem para o mundo" - é a essência dessa atividade. Arendt, aliás, situa a educação em uma posição intermediária: entre o velho e o novo e, em sua dimensão escolar, também entre o público e o privado. Assim, ao mesmo tempo em que a educação – e, especificamente, a escola – assume o compromisso com a preservação do mundo, ela compromete-se, de certa maneira, com sua renovação. À proporção que a educação apresenta e inicia os novos neste mundo, ela oferece-lhes a possibilidade de estabelecer laços de pertencimento.
À medida que conserva fragmentos do passado e histórias daqueles que nos antecederam, ela cria condições para que os recém-chegados tenham novas experiências e comuniquem novas interpretações. E, ao passo que apresenta um mundo velho às crianças e jovens, o qual os interpela quanto à novidade e ao ineditismo que trazem, a educação tende a possibilitar que esses novos se apresentem ao mundo e revelem quem são.
Em vista disso, neste encontro, pretende-se elucidar os conceitos de amor mundi e de natalidade em Hannah Arendt, propondo a compreensão dessas noções, na interface com as concepções de educação e de política para a autora.
Sobre Crislei de Oliveira Custódio
Licenciada em Pedagogia, Mestre e Doutora em Educação pelo Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação da Faculdade de Educação da USP. Membro da equipe de educação em direitos humanos do Instituto Vladimir Herzog. Professora titular do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNIB e membro do grupo de estudos “Violência em tempos sombrios” do NEV/USP. Foi organizadora da coletânea “Hannah Arendt: a crise na educação e o mundo moderno”, publicada em 2017, com apoio da Fapesp pela Editora Intermeios.
22/08 - Como narrar (amar) o mundo – Laura Mascaro
“A narrativa revela o sentido sem cometer o erro de defini-lo” (H. Arendt). Essa citação de Hannah Arendt revela uma faceta pouco conhecida de seu pensamento: a narrativa. Nessa aula pretendemos mostrar como o narrar é essencial para a forma de compreender e julgar de Hannah Arendt. A narrativa também é uma forma de conservar o que existe de precioso no mundo, atribuindo sentido e colaborando para nosso “amor ao mundo”.
Sobre Laura Mascaro
Graduada em Direito, Mestre pelo departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito (USP) e Doutora em Literatura Francesa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (USP), com período sanduíche na Université Paris III – Sorbonne Nouvelle. Sua tese de doutorado “Memória e Verdade em La Douleur, de Marguerite Duras” foi indicada para os prêmios Tese Destaque USP – 2018 e CAPES Tese – 2018. Atualmente, é Professora do curso de Direito da Universidade São Judas Tadeu, pesquisadora do grupo "Violência em Tempos Sombrios", dedicado ao pensamento de Hannah Arendt no NEV-USP, e atua como advogada no Núcleo Paulista de Mediação e Arbitragem.
29/08 - Implicações políticas do amor mundi e o espírito da Revolução – Suze Piza
Pensar a política na filosofia de Hannah Arendt usando o conceito de amor mundi como mobilizador para identificar a apatia, o descuido, o isolamento, a dessubjetivação como origens dos totalitarismos; o estar-em-casa, o pertencimento, a convivência, a partilha com o outro, a responsabilidade com o mundo como as condições de possibilidades históricas para a política e as revoluções. A proposta é atravessar a obra da filósofa de forma que possamos compreender o vínculo essencial, mas raramente tematizado pelas tradições revolucionárias, entre cuidado e política.
Sobre Suze Piza
Filósofa, educadora, com mestrado, doutorado em Filosofia pela Unicamp e pós-doutorado em filosofia e psicanálise. Pesquisa pensamento ético-político contemporâneo. É professora do programa de pós-graduação em Filosofia e do Programa de Economia política Mundial de pós-graduação da UFABC.