Televisão
por Elmo Francfort Ankerkrone
Setembro 07, 2001
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TV ou não te ver?

Analisarei desta vez a televisão atual e todos os pontos positivos e negativos da mesma. Isto depois de diversos pedidos de leitores que gostariam de saber sobre minha opinião crítica sobre o que acontece com a telinha de hoje. E também aos que pediram que eu comentasse a coluna ("Comportamento") de meu colega Dr. João Antonio Wiegerinck, que na semana passada deu sua visão sobre o mesmo fato (aliás, uma excelente análise comportamental). Vamos começar?

Entre a teoria e a prática

Teoricamente precisávamos misturar os conceitos dos teóricos Brecht, Anheim e Adorno para definir para que serve não só o meio televisivo, como também as demais comunicações, como o rádio, já que elas se interligam. Misturando suas visões poderíamos obter uma análise de que o meio serve para interligar os homens, trazer a ordem, a evolução do conhecimento e novas produções artísticas...Só que não pararia por aí, pois também é um meio que pode ser visto como um manipulador, assim como um formador e influenciador de idéias, muitas vezes de forma ditatorial e populista. Podemos trazer aí exemplos como a influência do regime militar na programação televisiva, o ditatorial poder getulista no rádio e até mesmo neste meio a força de Hitler na Alemanha antes e durante a 2ª Guerra Mundial. Mas desta mesma caixa de conceitos podemos tirar um Silvio Santos, uma Hebe, uma Xuxa, um Faustão, um Gugu, um Sérgio Mallandro, um Jô (e por aí vai...) que usam o seu carisma não para controlar o povo com palavras de ordem ou censura, mas sim influenciando pelos seus ideais. É nesta hora que vemos a diferença...Estes expoem suas idéias sem cobrar nada, sem forçar. O remédio para quem não está a favor da suas idéias é o "zapping", mudando rapidamente de um canal para outro.

Agora falando na prática, temos que lembrar de uma coisa: a televisão, da mesma forma que uma empresa comum, tem seus departamentos comercias e precisa se sustentar. Muitas vezes ela acaba aceitando coisas que não gosta de ter, apenas pelo fato de que se não as possuir, terá um horário vago, um patrocínio faltando, uma quebra no processo de lucro da emissora, dívidas e quem sabe...a falência! Infelizmente é um lado cruel da televisão.  De forma alguma é um autoritarismo da parte das emissoras, mas uma necessidade das mesmas. Você não precisar comer e beber para viver? É o patrocínio a comida delas.

E não podemos punir um país "X" ou outro, ou um regime ou outro. Muitos jogaram a culpa no capitalismo. É verdade...Ele tem culpa. Só que em países socialista o problema é o mesmo. Só que como as emissoras são comandadas pelo governo, esse problema não é considerado um problema de um grupo televisivo, mas sim um problema da União. Mas é sempre um problema, sem dúvida. Exemplo de emissoras controladas pela união temos até em sistemas capitalistas...A TVE / Rede Brasil e a TV Cultura possuem este problema... Lembram-se das vezes que ambas estiveram em crises na década de 90 e chegaram até a formar a RPTV para evitar maiores prejuízos?

E além disso, o desenvolvimento da sociedade, as modas e tendências, as vontades de uma parcela maior de telespectadores e todos os demais aspectos que envolvem a comunicação de massa acabam por influenciar nas suas teoria e prática. E é de massa mesmo, porque atinge multidões de pessoas. Muitos criticam dizendo que a TV não tem mais qualidade, parecendo então uma opinião de todos os telespectadores, mas aí teremos que lembrar que as aparências acabam enganando a todos... Porque é mais gente do que pensamos...E acabam sendo poucos os críticos da programação. Além de contar com aqueles que criticam e acabam assistindo. Muitos assistem para argumentar, outros assistem porque gostam, mas como todo mundo condena, é preciso também criticar. Digamos que é um fenômeno de seleção natural que faz com que as pessoas ajam assim, com medo de serem descartadas da sociedade. Não estou levando para o lado pessoal de ninguém, estou falando de forma abrangente aqui.

A Super Babá

No mundo desde sua criação, na primeira metade do século XX, a "radiotelevisão" (seu nome científico) acabou por suplantar a força exercida pelo rádio, além de unir em um só lugar este meio, o jornalismo, o teatro e o cinema. Assim, com tudo centralizado, o povo acabou por optar - na maioria dos países do mundo (apesar que a Ásia neste sentido prefere o cinema) - pela TV como o novo "parente" da família, abdicando ou diminuindo a freqüência muitos das idas ao teatro, ao cinema e de ligar o radinho de pilha, assim como comprar um jornal.

Muitas mães começaram a ligar a TV perto de seus bebês e foram para cozinha, aí quando viram ele estava quietinho assistindo TV. Com certeza esta é uma das razões para que hoje tenhamos dado o apelido de "babá eletrônica" à televisão. Mas acho que deveríamos chamá-la de "Super Babá", pois antes, na Era do Rádio, o barulho deste aparelhinho e as canções tranquilizavam as crianças... Só que muitas, ao verem que estavam sozinhas, só com um som começavam a chorar novamente. Na cabeça de uma criança pequena a televisão é como uma janela para um mundo que é só dela, que dá todos os cuidados e não te deixa em hipótese alguma sozinho. E assim muitos acabam por terem suas criatividades vindas do vem da TV, apenas. Pessoas abdicam brincar na rua ou fuçar o que tem no quintal e descobrir os animais pequenos ao preferirem assistir a um documentário infanto-juvenil sobre o mesmo animal. Roberto Freire certa vez disse que para você conhecer de verdade o seu mundo, você precisa aprender a tocá-lo, a usá-lo. Apesar que as crianças aprendem o que é um televisor tocando e depois sabendo o nome do aparelho.

Não podemos só julgar e criticar mal a nossa televisão. Ela tem seu lado bom... Você viaja e conhece outras partes do mundo que você nem imaginava um dia ver e poder ir até elas. A bagagem de informação vinda da televisão é muito grande. O importante é saber separar o que é bom do que é ruim. Afirmo e com certeza uma suposição minha: um garoto de 10 anos de hoje, que vive defronte da TV boa parte do tempo, sabe mais sobre o mundo do que um adulto que já viveu 30 anos ou mais no século retrasado (séc. XIX). Talvez não saiba coisas específicas de uma profissão, mas em conhecimentos gerais, é esta a diferença que podemos ter. Dizem alguns teóricos que o que você hoje aprende de informação em um dia é mais do que uma pessoa aprendeu em uma vida inteira na Idade Média. Surpreendente, não?

Novos Desafios

Falando de informação temos que lembrar da Internet. Quer algo mais cheio de informações do que a própria? E esta é uma das causas da televisão se encontrar nesta fase crítica que estamos. Porque essa fase não acontece só no Brasil, como no mundo todo também. As pessoas estão fugindo da televisão para irem à Internet. E a televisão faz de tudo para se aproximar da Web o mais rápido possível e ao máximo. Imagine que na Internet você pode montar a sua homepage, montar um vídeo (em diversos formatos, como AVI, RAM e MPEG...) fazendo a sua mini-TV virtual. Além disso você pode comunicar com outras partes do mundo e não só olhá-las. Interatividade 100%! Por isto que as emissoras de rádio e televisão se preocupam com isto. Aquele computador que inicialmente fazia contas perfurando cartões agora é uma ameaça para os demais meios de comunicação de massa. E os patrocinadores acabam fugindo para a Internet, que pode ser vista no mundo todo do que escolher uma emissora que cobre no máximo o país e partes do mundo via-satélite.  Hoje muitos ficam entre comprar um rádio e uma TV ou comprar um computador muito bem equipado, com Internet. E quem não pode comprar os dois, opta pelo rádio quando tem pouco dinheiro ou senão acabam escolhendo a televisão ao invés do rádio.

Outro fator que está também atrapalhando o andamento da nossa velha televisão aberta é a TV a cabo. Uma diversidade enorme de canais se multiplicando, a segmentação do público cada vez maior e muitos patrocinadores optando pela exploração destes segmentos. E assim, a TV aberta acaba sendo a forma de prender o público que não pode possuir TV a cabo, que ainda é a maioria. A chegada da TV digital pode mexer mais ainda neste jogo...

Assim todos estes fatores fazem com que a TV se sinta ameaçada e tente agarrar sua audiência e seus patrocinadores ao máximo. E volta a falar uma coisa: vemos na televisão o que muitos desejam ver. Se a TV aberta sofre assim é porque ela esta em uma fase crítica de reposicionamento. O rádio se acomodou e achou seu lugar depois da chegada da TV no Brasil, assim como o jornalismo fez com a chegada do rádio. O rádio por exemplo se vê como o meio de comunicação que chega mais longe, que está sempre próximo do ouvinte e em qualquer lugar, sempre informando o mesmo sobre os fatos mais importantes do mundo, com a maior precisão possível, só sem imagem. Não é mais aquelas dos shows, que lotavam seus auditórios. O slogan da Rádio Difusora do Brasil, da Rede CBS (Comunicações Brasil-Sat) explicita bem a posição do meio rádio hoje: "música e notícia a todo momento".

A fórmula da audiência

Sexo, drama e violência...Três ingredientes fáceis para se obter uma boa audiência. Um beijo ardente e comprido acaba por paralizar o dedo do telespectador que está "zappiando" com o controle-remoto. O que se revela aí é a busca pelo prazer e pela intensidade de um sentimento. A exuberância e uma grande felicidade em cena, assim como o humor, também paralizam os curiosos, mas nem sempre isso acontece. Mas tudo varia de pessoa para pessoa. Mas a maioria paraliza o botão quando se fala dos três primeiros itens que citei. Diga você, leitor, se nunca parou numa cena dessas? Mesmo que possamos não gostar, a curiosidade fala alto. O remédio é saber o quanto podemos ser influenciados ou não.

 

Certa vez fiz um curso de roteiro para TV. Meu professor, Fausto Galvão, roteirista da Rede Globo conta que muitas vezes as cenas de sexo das novelas da Manchete acabavam por fazer com que seus programas na Globo decaíssem na audiência. Via no painel do ibope muitas vezes cair no gráfico os pontos do "Você Decide" (que roteirizou por anos) e ver os pontos da Manchete subindo. Dedução já lógica dele e de seus colegas na emissora: "- Alguém nu apareceu na Xica da Silva!" 

Aliás, falando em Manchete, não podemos puni-la de vez, mas o aumento da malícia e erotismo em nossa televisão deu-se rapidamente nesta década por causa do canal 9. Já começa a polêmica cena de Dona Beija correndo nua em cima do cavalo, ou da abertura da novela que já tinha a Maitê Proença pelada tomando banho de cachoeira. Depois veio o Pantanal, com a mulher nua na abertura, virando onça e mostrando todo seu corpo debaixo da água. E a história também tinha cenas onde os personagens nadavam nus no Rio Paraguai. Aos poucos virou, infelizmente uma marca da emissora. E as outras acabaram também por aumentar a malícia para que seus índices de audiência não fosse lá embaixo. Outra prova disso foi a novela exibiu por mais tempo o primeiro nu frontal masculino, com Paulo Gorgulho ao ser o personagem Zé Leôncio, na primeira fase de "Pantanal". 

Mas a Globo também não é santa. Em "Gabriela", antes mesmo da possível existência da Manchete, também exibiu cenas de sexo e erotismo, como também nus. Só que o recurso algumas vezes era de desfocar a cena quando isto acontecia. As novelas atuais também não perdem neste quesito. Já pediram para falar várias vezes sobre "Porto dos Milagres" (não imaginam como a "Casa de Lazer" de Rosa Palmeirão está mexendo com os brios dos telespectadores...). 

Os desenhos atuais não tem mais a inocência dos antigos, independente se eles pareçam ser bonzinhos ou não... Um ursinho carinhoso por mais bravo que possa ter ficado, não provocava o mínimo de violência que um Pikachu é capaz... Até o He-man é menos agressivo que um Cavaleiro do Zodíaco. Não me lembro de ter visto nenhuma vez o He-man morrendo, socando a cara do inimigo e curtindo em câmera-lenta os momentos de dor e uma porção de sangue espirrando pelo ar. 

E aos poucos esse universo de violência e sexo foi invadindo a TV. Talvez por ser a fórmula da TV aberta para que seu público não fuja para TV a cabo. O pior de tudo isso é que muitos que se cansaram de ver a imoralidade na televisão acabam indo para TV a cabo principalmente por isto. 

Pensamentos e décadas 

Podemos ver a televisão e essa evolução de seu estado também em fases temporais. A década de 50, por exemplo, foi uma década do experimentalismo televisivo. Se testou de tudo e pouco se fez de violência, já que a década de 50 tinha por objetivo continuar a paz mundial após sairem de uma década que havia sido pela metade parte da 2ª Guerra Mundial (1939 - 1945). 

Desta década de 50 para a de 60 começam a onda do rock e a introdução no universo hippie. O mundo começa a se preocupar com a liberdade sexual e os direitos de igualdade feminina. O jeans vira moda de vez e a própria moda se modifica mais ainda, o design dos carros também, a televisão vira parte importante das casas e o contato com o telespectador aumenta cada vez mais, influenciando-os até em suas idéias. A TV vira ponto de referência. Algumas guerras começam a acontecer pelo mundo e revoluções também. 

Entre 60 e 70 muitas ditaduras são instituídas, até mesmo no Brasil (em 1964). A censura vem junto. E muitas pessoas se sentem forçadas a se manterem na linha. A TV começa a ficar omissa aos acontecimentos por imposição da censura. As que tentavam desviar do eixo acabavam se dando mal, como no caso da Record que sofreu vários incêndios, a Tupi e principalmente a Excelsior, que depois de muitos boicotes acabaria por falir em 1970. A internacionalização aumenta cada vez mais, mas o brasileiro acaba por descobrir uma fórmula, uma mistura entre o nacional e o estrangeiro: os festivais de música popular brasileira. Daí surgem a Jovem Guarda e a Tropicália. Muitos movimentos populares acontecem no Brasil e no mundo. Nesse meio tempo acontece o primeiro Hoodstock que acaba escandalizando muitos e ao mesmo tempo incentivando a liberdade sexual de outros. Nessa época a Record passava para as mãos de Silvio Santos, a Tupi estava prestes a falir e ter sua concessão cassada pelo governo militar (muitos dizem que a briga que existia entre a família de Figueiredo e Assis Chateaubriand contribuíram para isto acabar assim) e a Globo continuava em primeiro lugar na audiência, consolidando-se de vez na posição. A Band começava a aprimorar sua crescente dramaturgia. Heróis japoneses nessa época já estavam no ar, como no caso de Ultraman. 

Aí chegou o samba do crioulo doido! Na década de 80 começaram a cair a maioria das ditaduras pelo mundo. E a TV vai se remodelando aos acontecimentos. No Brasil as Diretas Já tomam conta de todas as telas e Tancredo é eleito presidente e morre antes mesmo de tomar posse. A União Soviética é extinta, cai o Muro de Berlim e o socialismo começa a ser dizimado pelo mundo, restando pouquíssimos países sob este regime. No Brasil a pioneira Tupi deixa espaço para entrada de duas redes: a TVS (futuro SBT) e a Manchete. A TVS vinha com uma proposta de trazer um padrão americano para nossa programação, importando desenhos e molde de programas estrangeiros (Bozo, por exemplo) e a Manchete nasce com um conceito de TV de primeira classe, com shows, festivais, óperas e musicais, e aos poucos a audiência brasileira não vai correspondendo o plano dos Bloch. Desde aí a emissora começa a se desesperar, mudando todo seu padrão de programação. É aí que descobrem que seus programas infantis e os violentos desenhos e séries importadas do Japão seriam líderes de audiência pela manhã. A Globo também renova sua "safra" de séries e desenhos, vindo a fase de Caverna do Dragão, He-man e She-ra. Xuxa vai para a Globo e aí a competição no gênero se divide entre as "loiras" da Manchete (Angélica) e da Globo. À noite as novelas da Manchete e as da Globo, agora sem a censura, começam a extravazar cada vez mais em erotismo. Não podemos nos esquecer da sensualidade das "Garotas do Fantástico". 

Surge nesse meio tempo duas instituições, a TV Bem e a OANF ("O Amanhã dos Nossos Filhos") que lutam pela "dignidade e moralidade" na televisão. Só que o problema é que de suas formas radicais de agir e julgar muitos acabam não apoiando a idéia das instituições, que criticam tudo ao máximo, mostrando malícia até aonde o povo não consegue ver claramente. E acabam por passar por mulheres católicas fervorosas que querem destruir a TV. Digamos que muitos olham estas instituições como mais ou menos o povo de "Porto dos Milagres" (da nova homônima) olha a religiosa Genésia (Júlia Lemmertz) e suas amigas. Entendem por que estas instituições não crescem? Pior é que em muita coisa elas tem razão... 

A década de 90 chega e aí a coisa pega...Manchete começa a meter medo na Globo com "Pantanal" e aos poucos ela começa a se preocupar com isso. A Globo foi atrás da idéia (se pensarem bem, anos atrás "A Presença de Anita" não poderia nem ser passada, pois seria um grande escândalo na TV, já que além da sensualidade a série ainda avalia conceitos familiares e a possibilidade do adultéreo). Na mesma época o SBT lança Cocktail, com Mielle - o primeiro programa de strip-tease brasileiro. A OANF cai em cima... E depois de um tempo ele sai do ar. A moda também muda, os biquines bem cavados e as roupas transparentes são alguns reflexos dessa mudança. Surge a Banheira do Gugu, as novelas ficam cada vez mais "picantes" e a malícia toma conta geral de boa parte da programação - até nas brincadeiras de Hebe. A Band também exibe filmes pornôs em suas madrugadas e programas do tipo de SuperTécnico (todo domingo, há aproximadamente dois anos) mostrando garotas como assistentes de palco, com roupas bem pequenas, minissaias e miniblusas... A primeira delas foi a modelo Luize Altenhofen. Até as garotas do Caldeirão do Huck entrão no meio, as boletes do Bolinha e as chacretes do Chacrinha. Não podemos esquecer que a culpa não é só da TV, mas também da música... O concurso das novas loira e morena do É o Tchan e a onda do funk (popuzadaaaa...), além da moda masculina de jogar para frente a cintura, passo criado pelo cantor Latino e que hoje até os sertanejos fazem. 

Mas não podemos ficar só punindo a TV... Muita gente fala que a nossa televisão aberta está uma droga. Não nego que boa parte dela esteja, mas também há muita coisa boa no ar. "Éramos Seis" e "Programa Livre" do SBT, "Ione" e "Mulheres" da Gazeta,  "Dia Dia" e "Melhor da Tarde" da Band, "Jornal Hoje" e "Video Show" da Globo e tantos outros são programas de qualidade...Não podemos condená-la totalmente (as emissoras educativas não podemos incluir nestas críticas, pois fazem o possível para manter a qualidade e o nível em nossa programação). 

E nem podemos achar, em hipótese alguma, que os profissionais de TV estão felizes com esta situação. Querendo ou não, eles acabam se preocupando com tudo que acontece e sabem que esses julgamentos do público quanto ao programa que produzem pode ser considerado um problema em seus currículos. E além de radialista, acima de tudo, são telespectadores que operam a TV de perto. É por isso que desde que a televisão foi fundada no Brasil tantos quebra-paus já aconteceram dentro das emissoras. 

E a TV atual continua sendo um retrato da sociedade. Só que agora vocês tem que analisar que este retrato esta anexado ao seu público-alvo. Se aqueles que vêem TV a cabo e consideram seus canais prediletos como algum de dentro dos pacotes de suas assinaturas, com certeza o público que faz parte é o da TV a cabo e não o da TV aberta. A TV aberta hoje pensa mais em pegar o seu público específico, do que competir com as TVs a cabo. O futuro da TV é com certeza a segmentação. E com a TV digital a segmentação ocorrerá até mesmo com os canais de TV aberta, que se multiplicarão. Assim não teremos esta bagunça atual porque o que vemos hoje não é uma face ruim da TV, mas sim um caos de estilos. Os que controlavam esse caos foram para TV a cabo. 

E concordo plenamente com a idéia do João Wiegerinck sobre que não devemos assistir a TV como críticos, mas sim como telespectadores que a usam para relaxar o estressante dia que tivemos. Só que por um lado eu vejo outra coisa que ele não observou: talvez o maior problema não esteja nos trabalhadores, mas sim nas crianças que ficam em casa. Essas que estão sendo educadas com todo o "lixo televisivo", como ele nomeou este caos. A minha coluna tem justamente esse caráter memoralístico para mostrar a vocês que a TV aberta tem esperança de voltar a ser algo muito bom, pois já criou muitas idéias boas e já passou por diversas fases difíceis, como a que hoje está passando. 

Custa agora esperar. Pois o povo e os críticos já estão fazendo suas partes ao divulgarem suas idéias pelas diversas mídias. Confirmo o que meu colega disse, de que "o importante na vida é refletir o que temos de bom dentro de nós mesmos", mas é mais importante refletirmos também sobre todos os tipos de informações que nos cerca, pois estas não afetam só nós, como todas as pessoas. 

TV Leitor 

- Falando em TV a cabo, e até respondendo a pergunta de meu colega João Wiegerinck, digo que a entrada dos comerciais nos canais fechados era prevista... Como falei no início desta coluna qualquer tipo de emissora é uma empresa. O que pagamos caro com a assinatura mensal serve para pagar a manutenção e o controle da geradora (NET, TVA, DirecTV, Sky...), assim como o contrato destas com os canais internacionais e o uso do nome dos mesmos para montar suas estações nacionais, além de se encarregarem das revistas eletrônicas e o controle dos sinais e assinaturas, entre tantas outras coisas... Independente disto o que acontece é que só muda o sistema de transmissão. Antigamente era menor o número de canais à cabo e era apenas o sinal dublado e enviado dos Estados Unidos (como no caso da Cartoon Network e da Warner Channel, que era um canal feito para todos os países das Américas, escrito em inglês e espanhol, somente). Com a inclusão de quadros nacionais e operação dos canais dentro Brasil tudo mudou (exemplo: Disney Channel e ESPN Brasil). A TVA, por exemplo, só tem canais terceirizados, enquanto a NET / Globosat controla canais próprios entre os terceirizados (Globo News, GNT, Futura, etc. - reparem que estes canais são os que menos tem propagandas). Sejamos mais diretos ainda: é como se você pegasse todos os canais abertos e um grupo todo controlasse a transmissão deles para as casas e ainda tivesse que pagar um imposto pequeno na parceria com eles. Assim todas as emissoras continuariam a ter suas vidas comerciais, só com transmissão diferente. Dúvida esclarecida, amigos? 

- Já que esta semana é de 7 de setembro não podíamos deixar de citar uma novela da Manchete, "Marquesa de Santos" que contou a história da amante mais famosa da história do Brasil, que esteve ao lado de nosso primeiro imperador D. Pedro I ("independência ou morte!!!") por quase toda sua vida no Brasil. Foi aí que a Manchete descobriu que Maitê Proença e Gracindo Júnior dariam um bom par romântico, o repetindo em "Dona Beija", quando interpretaram Dona Beija e Antônio Sampaio. 

- Não pude resistir, vou passar aos leitores uma foto que me fez rir e muito. Na onda de "Presença de Anita" o site "Paparazzo" da Globo.com fez um ensaio sensual com a atriz que interpretou Anita, cujo nome é Mel Lisboa. E me passaram este novo ensaio "proibido" com fotos de "Mel Lisboa"! Vejam! 

Mel Lisboa

 - Meus amigos, vou ficando por aqui. Semana que vem tem mais! Boa noite, John Boy! Boa noite, Mary Ellen! Boa noite, leitores! Até semana que vem!

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